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O blogueiro Túlio Bragança assistindo a um jogo de Polo em Palermo, o "Batel argentino" | Arquivo pessoal
O blogueiro Túlio Bragança assistindo a um jogo de Polo em Palermo, o "Batel argentino"| Foto: Arquivo pessoal

Admirável mundo novo

Mais do que apenas uma ponte entre leitores e escritores, os blogs podem ser definidos, por exemplo, como uma espécie de teletransporte, algo inimaginável há duas décadas, quando as páginas – de papel – dos livros eram o principal ponto de interseção entre o sujeito que lê e aquele que gera o conteúdo. Na 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, alguns dos principais autores brasileiros de obras impressas também são conhecidos blogueiros.

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"Las Leonas, meninas do hóquei de grama argentino, estão batendo recordes de audiência na madrugada olímpica. Seria culpa dos shortinhos? Nunca entendi porque a Argentina tem tanta tradição num esporte como esse." O texto acima não é de nenhum jornalista esportivo. Tampouco de algum humorista. Essa é uma das muitas observações feitas por Túlio Pires Bragança, mineiro que morou em Curitiba por sete anos e faz do blog Aires Buenos (http://aires-buenos.blogspot.com/) o vínculo mais eficaz entre a capital argentina – onde mora há dois anos e meio – e os ares das cidades brasileiras em que residiu.

Túlio criou o blog em 2006 para expor de maneira à brasileira o modo de se viver na Argentina. "Sempre faço comparações com a realidade curitibana. O bairro de Palermo, por exemplo, é o Batel de Buenos Aires. Estar longe faz a gente ver a realidade brasileira de outra forma e é sempre bom comentar algo sobre isso, batendo de frente com os clichês do Brasil", disse o dono do blog, cujo subtítulo é Cinema, Futebol, Política e Minha Vida em Buenos Aires.

O endereço virtual ignora a distância física de 1.500 quilômetros entre a cidade portenha e Curitiba, criando uma aproximação que agrada aos amigos, à família e que serve até como guia turístico. "Percebo que metade das pessoas que o acessam são turistas em busca de informação sobre a Argentina e a outra metade um público jovem e bem informado, com interesse comum ao meu."

O blog serviu também para que os problemas ocorridos no país vizinho fossem narrados por alguém que estava lá e passou por eles. "Durante a recente crise do campo, os comentários e visitas aumentaram muito. O assunto interessava e as pessoas pediam mais informações. Os leitores gostaram de ver os incidentes narrados sob uma ótica brasileira, mas de uma maneira não tão polida e politicamente correta como a mídia tradicional faz", comentou o publicitário, que se utiliza de vários recursos – fotos, vídeos, links – para manter a média de 6 mil visitantes por mês.

Escrever em um blog e ter de se adaptar à exigência natural que o meio demanda – textos curtos, por exemplo. Para um mestre em Literatura, o que poderia ser antagônico é tratado com naturalidade. "Não acredito que seja diferente para mim do que é para outras pessoas. A diferença está na maturidade que ganhei e, por consequência, no texto que escrevo lá", disse Lielson Zeni, criador do blog Lugar Certo (http://lielson.tipos.com.br/), seu segundo blog em cinco anos de postagens virtuais.

Em seus textos, o roteirista de web trata de literatura, música, impressões e tudo aquilo que pode ser dividido com os outros. "Pensa: qual é a forma mais legal de tratar um tema? Eu escrevo sobre as coisas que acho que precisam ser divididas com as outras pessoas", argumenta.

O fã de quadrinhos "não tem a menor idéia" do número de internautas que visitam seu endereço eletrônico. Mas tenta, de uma forma ou de outra, ser único em seus escritos. "Há muita repetição. Todo mundo pode falar pela internet, mas acaba apenas repetindo ou dando opiniões furadíssimas e sem embasamento sobre temas sérios. Às vezes a superinformação acaba por esconder a informação mais importante. Mas quem pode dizer qual informação é importante?", questiona.

Em suas últimas postagens, o paranaense relata sua viagem a São Paulo de uma forma pessoal e bem-humorada; logo abaixo, vê-se um texto - permeado por alguns neologismos - dedicado ao novo filme de José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Lielson trata do que gosta. Para melhorar, talvez o improvável. "Gostaria de ter um blogue em que eu recebesse pra escrever. Iria ser massa!"

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