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Irmãos Otto: formação pôs meninas para dançar em festas de rua e em clubes da cidade nos anos 20 e 30 | Divulgação
Irmãos Otto: formação pôs meninas para dançar em festas de rua e em clubes da cidade nos anos 20 e 30| Foto: Divulgação

Anos 30. No Clube Curitibano, senhoras de luvas brancas concediam o prazer da dança a homens de fraque ao som fino da Ideal Jazz Band, uma das primeiras formações da cidade que se apossaram da música que chegava dos Estados Unidos via vinis importados.

O jazz balançou ainda mais o samba, deu colorido novo ao maxixe e se engalfinhou com o fox-trot. Formações paranaenses que mesclaram gêneros e se destacaram nos anos 1920 e 1930 estão na exposição Dos Regionais às Jazz Bands, em cartaz no Museu Paranaense até fevereiro de 2011.

São seis acervos, com 23 fotos, diversos instrumentos musicais, partituras e documentos que resgatam uma importante, mas meio esquecida história da música curitibana.

Além da exposição em si, um conjunto formado por Marília Giller (piano), Tiago Portella (cavaquinho), Clayton Silva (flauta transversal), Audryn Souza (trompete), Gustavo Bonin (clarinete), Cláudio Fernandes e Cassio Menin (violão), Gui Miúdo (percussão) e Alex Fi­­gueiredo (bateria) irá, às 19 horas de amanhã, recriar ao vivo algumas composições e apresentar mú­­sicas inéditas, descobertas em partituras tidas como perdidas. Os manuscritos do compositor e orquestrador José da Cruz (1897-1952), produzidos entre 1910 e 1950, por exemplo, foram encontrados por um garoto em uma usina de reciclagem na cidade.

"A ideia é reforçar a ideia do museu vivo, e fazer com que essa música seja parte do acervo que dispomos", explica Márcia Medeiros, chefe do departamento de História do Museu Paranaense.

Também foram resgatados fo­­tos, documentos e partituras do acervo do maestro Antonio Melilo. Nele, estão representadas a Curityba Jazz Band (do regente Luis Eulógio Zilli), Regional dos Irmãos Otto, Ideal Jazz Band (de José da Cruz), Oriente Jazz Band e da Tupynambá Jazz-Band (de Estefhano João Giller).

Para Marilia Giller, neta do maestro João Giller, a exposição e as apresentações servem para colocar no mapa da música nacional o que foi feito por aqui na primeira metade do século 20. "Há uma ideia de que a música curitibana não existiu, que esteve à mercê do tempo nessa época. Na bibliografia nacional, autores como Zuza Homem de Melllo [escritor, músicólogo e crítico] a ignoram. Nós queremos trazer à tona esse período tão rico", conta a pianista, também curadora da exposição.

"Eu tinha exemplos concretos dessa música dentro da minha própria casa. E não há dúvidas de que os compositores paranaenses estavam imersos nas mudanças que aconteceram quando da chegada do jazz por aqui, ainda no começo da década de 1920", explica.

A releitura dos arranjos de época pelo conjunto irá revelar as características sonoras da música popular e de rua daquela época, recriando uma Curitiba que muitos sequer sabiam ter existido.

Serviço:

Das Regionais às Jazz-Bands. Museu Paranaense (R. Kellers, 289), (41) 3304-3300. 3ª a 6ª, das 9 às 17 horas. Sáb., dom. e feriados das 11 às 15 horas. Até fevereiro. Concerto em homenagem a José da Cruz. Dia 11 às 19 horas. Entrada franca.

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