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Inquietude e informalidade dos trabalhos do portenho são vistos também em seu ateliê, em Buenos Aires. Artista usa a literatura como inspiração, já que ela nos afeta de maneira “fantasmagórica” | Divulgação
Inquietude e informalidade dos trabalhos do portenho são vistos também em seu ateliê, em Buenos Aires. Artista usa a literatura como inspiração, já que ela nos afeta de maneira “fantasmagórica”| Foto: Divulgação

Interpretação

Quadros retratam desejo o de poder e a superposição temporal

A exposição do artista argentino Carlos Huffmann, na SIM Galeria, em Curitiba, também contempla superposição temporal e sentimentos como desejo de poder e euforia em quatro quadros de grandes dimensões, que misturam fotografia e pintura a óleo. Duas das obras são recém-finalizadas e estão em sua primeira mostra.

Chamada de Série dos Caminhões, os quadros não levam nomes, mas revelam a hiperconectividade e velocidade com a qual a humanidade se organiza. "Toda a história da humanidade parece estar compactada no presente, como nunca antes, e toda a terra parece ser acessível de qualquer computador conectado à internet", explica o artista argentino sobre a realidade que levou a conceber os grandes quadros, que também têm referências de videogames, televisão, desenhos animados, mitologia, psicologia e filosofia.

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Quinze Novelas e um Guia de Usuário

SIM Galeria (Al. Presidente Taunay, 130 A, (41) 3322-1818. De segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. Aos sábados, das 10h às 18h. Entrada franca. Até 20 de dezembro.

Os livros delineados a pinceladas em pequenos quadros simbolizam a cumplicidade que o artista argentino Carlos Huffmann tem com a literatura. Foi a arte dos textos, pois, o primeiro contato do pintor com a inquietude descomedida, com a dimensão paralela que, segundo ele, "afeta de maneira sutil e fantasmagórica nossas vidas", particularidades hoje retratadas em suas telas.

Na primeira exposição individual que faz no Brasil, Huffmann trouxe a Curitiba a série Quinze Novelas e um Guia de Usuário, conjunto formado pelas pinturas dos livros. A mostra, que contempla ainda intervenções que mesclam pintura e fotografia e desenhos feitos à mão, está na SIM Galeria desde o mês passado e termina no próximo sábado (20).

Embora inquietos, os retratos dos volumes em ambientes íntimos e informais são de muita naturalidade. E não podia ser diferente. A reprodução das imagens é praticamente um resgate de uma vida entre livros, chance proporcionada no espaço da antiga editora de sua mãe, Adriana Hidalgo. Quais seriam estes volumes? As obras não levam títulos, por decisão do próprio artista. "Gosto da ideia de [Jorge Luis] Borges de que todos os livros, os que já foram escritos e os que serão escritos, são na realidade um mesmo livro", explicou Huffmann, em entrevista.

Formado em Economia, em Buenos Aires, e também pelo Instituto de Artes da Califórnia, o Cal Arts, Carlos Huffmann admite que a série de seus livros "únicos", principalmente as capas e as cores destas obras, o faz pensar na diferença entre as formas, que levam significados profundamente anárquicos, e os textos, que possuem sempre uma pretensão de sentido homogêneo. "Suponho que são os quadros que melhor representam minha maneira de enxergar", define o artista, que confessou ter cursado Economia como uma "decisão estratégica e um pouco masoquista" na tentativa de ter uma visão menos idealista do mundo.

Considerado como uma das grandes apostas da arte contemporânea, Huffmann já teve parte de seus quadros incorporados pelo Pérez Art Museum Miami (PAMM), nos Estados Unidos. Aos 34 anos, o artista continua a criar suas obras em um estúdio em Buenos Aires, onde, claro, divide o espaço e o tempo entre tintas, cavaletes e coleções de livros.

Mesmo com pensamentos frenéticos, o argentino diz não viver uma vida de maneira turbulenta – não obstante use este adjetivo para classificar seus pensamentos. "Penso na violência do mundo, e busco continuamente razões para acreditar que algum bem comum é possível", comenta.

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