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A maranhense mantém o estilo dor de cotovelo antenada com as novidades | Arquivo Gazeta do Povo
A maranhense mantém o estilo dor de cotovelo antenada com as novidades| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Números

2 mil obras formam o acervo do Museu da Solidariedade Salvador Allende, hoje instalado em um antigo palácio de Santiago do Chile.

130 obras do acervo serão exibidas, a partir de hoje, no Museu Oscar Niemeyer. Depois, elas voltam para o Chile, de onde viajam para Espanha e Itália.

11 obras de artistas brasileiros foram doadas recentemente ao museu. Em breve, elas farão parte de uma exposição em Santiago, sob curadoria de Emanoel Araújo.

Nos anos 60 e 70 foi produzida a maior parte das obras do acervo, de artistas como Jesús Rafael Soto, Antoni Tàpies, Frank Stella, Picasso, Joan Miró e Joaquín Torres-García.

O poeta chileno Pablo Neruda tinha grandes amigos no Brasil. Um deles, o compositor e também poeta Vinicius de Moraes, escreveu até uma elegia ao companheiro de bar e poemas, lamentando a sua morte, em 1973, oito dias após a queda do governo da Unidade Popular do Chile.

Um ano antes, o então presidente do país Salvador Allende organizou uma ação internacional para que artistas plásticos de renome e sintonizados com a revolução chilena doassem obras para um museu em formação: o Museu da Solidariedade.

A irmandade entre Brasil e Chile foi vital para esta arregimentação. Para que a idéia ganhasse força, criou-se o Comitê Internacional de Solidariedade Artística ao Chile, integrado por artistas, críticos de arte e diretores de museus de diversas capitais da Europa e das Américas. O brasileiro Mario Pedrosa, crítico de arte, curador das Bienais de São Paulo de 1953 a 1961, que estava exilado no país pela ditadura brasileira, foi eleito para presidir a iniciativa.

Pablo Neruda, como embaixador do Chile na França, angariou obras de inúmeros artistas internacionais exilados em Paris, que postaram seus trabalhos via embaixada chilena, inclusive de brasileiros como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Sergio Camargo e Franz Krajcberg.

Algumas décadas mais tarde, 130 das 2 mil obras que compõem o acervo do Museu da Solidariedade Salvador Allende estão no Brasil e poderão ser conferidas pelo público curitibano em exposição que abre hoje no Museu Oscar Niemeyer.

Dedo brasileiro

Desta vez, também houve dedo brasileiro. Quem organiza a mostra, dedicada a Mario Pedrosa, é o curador e artista plástico brasileiro Emanoel Araújo, ex-diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, ex-secretário municipal de cultura de São Paulo e atual diretor do Museu Afro Brasil. "É pura coincidência, mas há um sentimento de irmandade profunda entre Chile e Brasil", considera.

Ele conta que o acervo é formado por obras doadas em três períodos: o primeiro, em 1972, por iniciativa de Allende; o segundo, durante a ditadura do general Augusto Pinochet, época em que as obras estavam sob a tutela da Universidade do Chile e do Museu de Arte Contemporânea, em Santiago; e, por fim, nos dias de hoje. O Brasil, por exemplo, realizou 11 doações recentes de artistas representativos como Antonio Henrique Amaral, Claudio Tozzi, Antônio Hélio Cabral e do próprio Emanoel Araújo.

"O acervo é muito interessante não só por ter sido doado por artistas de todo o mundo, mas por ser representativo da vanguarda da década de 60 e 70. A exposição oferece ao Brasil uma visão mais ampla da arte internacional", conta Araújo, que também exibiu a mostra em São Paulo, na Galeria do Sesi da Avenida Paulista.

Parece irônico, mas as obras chilenas são minoria no acervo. "A arte chilena ainda era pequena na época, agora é que se manifesta mais", explica Araújo, que desde 2004 está envolvido com a reformulação do museu. Ele cita os chilenos Gracia Barrios e José Balmes, que junto com Alberto Pérez e Eduardo Martínez Bonati, formavam o Grupo Signo.

Entre outros artistas da mostra, estão Pablo Picasso, Alexander Calder, Frank Stella, Joan Miró e Joaquín Torres-García.

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Serviço: Museu da Solidariedade Salvador Allende – Estéticas, Sonhos e Utopias dos Artistas do Mundo pela Liberdade. Museu Oscar Niemeyer – MON (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. De terça a domingo, das 10 às 18 horas. Ingressos a R$4 (adultos) e R$2 (estudantes). Crianças até 12 anos, maiores de 60 e escolas públicas pré-agendadas, não pagam. Até 25 de novembro.

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