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A maranhense mantém o estilo dor de cotovelo antenada com as novidades | Arquivo Gazeta do Povo
A maranhense mantém o estilo dor de cotovelo antenada com as novidades| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Passo Fundo (RS) – O debate sobre as relações entre a arte e o entretenimento reuniu na tenda principal da 12.ª Jornada Nacional de Literatura os escritores Marina Colasanti e Flávio Carneiro (que se sobressaíram na discussão), Nelson Motta e Maurício Melo Júnior, além da representante do Canal Futura, Lúcia Araújo. A conversa, mediada por Ignácio de Loyola Brandão, Júlio Diniz e Alcione Araújo, já começou com uma reparação polêmica ao título: "Arte é entretenimento", sentenciou Marina.

"Entretenimento é o que nos distrai, nos tira do cotidiano e nos leva para um espaço de prazer e fruição, exatamente o que a arte faz", justifica. "A arte e o entretenimento são uma coisa só porque eles nascem juntos nos mitos, nos ritos, nas celebrações de cunho religioso. Até o mercado se meter entre esses dois. Ficou uma metade pra cá, outra pra lá, as duas se procurando, sem conseguir formar novamente uma unidade".

A distinção entre literatura e entretenimento teria sido avivada pelos modernistas, de acordo com o crítico Flávio Carneiro, para quem o grupo de Mário de Andrade estabeleceu que "literatura era coisa séria" e, portanto, diferente dos folhetins do século 19 que causavam choro e riso.

Carneiro defende a capacidade de emocionar da literatura. "Uma marca dessa geração atual é resgatar aquele prazer de contar e ler histórias que foi esquecido no folhetim romântico. Poder agradar o leitor comum e ser também sofisticado. O Luis Fernando Verissimo e o Rubem Fonseca são autores que trabalham isso. A geração atual está entendendo que a questão arte ou entretenimento é uma questão falsa", observou.

Declaradamente "pop", Nelson Motta engrossou o coro a favor do caráter de entretenimento da arte. "O que é melhor, uma arte chata ou um entretenimento empolgante?", provoca. "Você pode ter as duas coisas", disse, em defesa de uma solução que concilie as duas possibilidades.

O contraponto ao consenso veio de Ignácio de Loyola, que recusou a visão de que a arte necessariamente entretém, citando as dificuldades para se avançar na leitura de um livro como Ulisses, de James Joyce. "É o quê, um entretenimento para poucos?"

"Joyce é uma forma de prazer", rebateu Flávio Carneiro. Ele distingue dois tipos de prazer: o leve e desinteressado, provocado pelo entretenimento; e o que exige interesse e repertório, o prazer artístico.

Da platéia, surge a indagação: E as obras artísticas que falam de sofrimento? "Sofrimento também é prazer", respondeu Marina Colasanti. A escritora explica que há também na leitura da dor alheia um sentimento de identificação e pertencimento que é uma espécie de prazer propiciado pela arte.

A repórter viajou a convite da organização do evento

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