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O que tem no Museu de Arte Sacra?

Museu fica anexo à Igreja da Ordem, a mais “minimalista” do Centro Histórico de Curitiba. | Antônio More/Gazeta do Povo
Museu fica anexo à Igreja da Ordem, a mais “minimalista” do Centro Histórico de Curitiba. (Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Se comparada com as outras duas igrejas que ficam a poucas quadras de distância – a Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Luz e a Igreja do Rosário – a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas pode ser definida como a “minimalista” entre as três. Quem vê a discreta construção, a mais antiga edificação de Curitiba, de 1738, que remonta à Capela de Nossa Senhora do Terço, pode não imaginar que ela também abriga um museu, cujo acervo traz importantes exemplares do barroco brasileiro.

Galeria: Veja algumas obras do museu

O Museu de Arte Sacra (Masac), anexo à igreja, foi inaugurado em 1981, mas não é o mais popular da cidade: em média, 700 pessoas passam pelo espaço por mês – no MON, o número é de quase 30 mil. Em sua maioria, turistas que passeiam aos domingos no Largo da Ordem, e escolas que vêm em projetos de visitas guiadas promovidos pela Fundação Cultural. “Nasci em Curitiba, mas, sinceramente, não conhecia o museu. Só conheci quando cheguei para trabalhar aqui”, confessa Sérgio Luís, o simpático porteiro do local.

Entre as cerca de 800 peças do acervo, o visitante vai encontrar no Masac seis diferentes temáticas. Além das mostras temporárias (que devem ser sempre ligadas a temas religiosos), a exposição permanente traz imaginárias de santos, os objetos de culto, vestes litúrgicas, numismáticas, mobiliário e objetos de uso pessoal, como jogos de chá e louças dos arcebispos. “A maior atração são sempre as imaginárias, que trazem vários exemplares do Barroco brasileiro. Mas, no caso do Paraná, como a condição financeira era outra, não vemos imagens tão ricas quanto os exemplares de Minas Gerais, por exemplo. É um Barroco com uma opulência um pouco menor”, explica a pesquisadora da Casa da Memória, Ângela Medeiros Rodarte.

Além do Masac, aproveite para apreciar algumas curiosidades sobre a edificação da igreja. As linhas e traçados simples lhe dão uma característica neogótica. Repare também na diferença entre o teto do altar e do restante da capela. No último restauro (em 1979), foram encontrados sob o reboco da igreja elementos próprios do traçado inicial, que haviam sido alterados em um restauro feito 100 anos antes. Atualmente, é possível ver com clareza os dois momentos históricos da arquitetura da Igreja da Ordem.

O Caderno G fez um passeio guiado com a pesquisadora – selecionamos cinco obras imperdíveis do Masac e suas curiosidades.

NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS - A imagem do Masac, de 1720, é a segunda da padroeira de Curitiba (a primeira está no Museu Paranaense). Em terracota, a escultura se destaca pela boa resolução e traços finos do rosto. O resplendor de prata da escultura é uma característica marcante do barroco, explica a pesquisadora da Casa da Memória, Ângela Medeiros Rodarte. “Era um elemento muito roubado nas igrejas”, comenta. | Antônio More/Gazeta do Povo

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NOSSA SENHORA DA LUZ DOS PINHAIS - A imagem do Masac, de 1720, é a segunda da padroeira de Curitiba (a primeira está no Museu Paranaense). Em terracota, a escultura se destaca pela boa resolução e traços finos do rosto. O resplendor de prata da escultura é uma característica marcante do barroco, explica a pesquisadora da Casa da Memória, Ângela Medeiros Rodarte. “Era um elemento muito roubado nas igrejas”, comenta.

SÃO BENEDITO - A imaginária, do século 18, traz o santo negro – a quem os escravos eram muito devotos (quem quiser conhecer mais sobre o assunto, pode visitar a Igreja do Rosário, a uma quadra do Masac, cujo primeiro exemplar foi construído pelos escravos, em 1737). Em barro cozido, o santo veste um hábito franciscano, o que remete, segundo Ângela, ao padroeiro da igreja, São Francisco das Chagas. | Antônio More/Gazeta do Povo

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SÃO BENEDITO - A imaginária, do século 18, traz o santo negro – a quem os escravos eram muito devotos (quem quiser conhecer mais sobre o assunto, pode visitar a Igreja do Rosário, a uma quadra do Masac, cujo primeiro exemplar foi construído pelos escravos, em 1737). Em barro cozido, o santo veste um hábito franciscano, o que remete, segundo Ângela, ao padroeiro da igreja, São Francisco das Chagas.

BISPO SÃO GRATO - O santo de origem grega, acalmador das tempestades e protetor das lavouras, teria sido feito, segundo Ângela, por imigrantes italianos da região do Mossunguê. É possível ver alguns símbolos que rementem à origem italiana, como as folhas de vinhas, por exemplo. A imagem (assim como algumas outras esculturas do Masac) está incompleta: ele carrega uma bandeja vazia, que deveria trazer a cabeça de São João Batista (ele teria encontrado a cabeça do santo degolado). | Antônio More/Gazeta do Povo

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BISPO SÃO GRATO - O santo de origem grega, acalmador das tempestades e protetor das lavouras, teria sido feito, segundo Ângela, por imigrantes italianos da região do Mossunguê. É possível ver alguns símbolos que rementem à origem italiana, como as folhas de vinhas, por exemplo. A imagem (assim como algumas outras esculturas do Masac) está incompleta: ele carrega uma bandeja vazia, que deveria trazer a cabeça de São João Batista (ele teria encontrado a cabeça do santo degolado).

NOSSO SENHOR DOS PASSOS - O santo de roca articulável, do século 18, chama atenção pela dramaticidade das feições e do sangue que escorre pela face. “O movimento do Barroco, que veio na contrarreforma católica, tinha como marca convencer o fiel pela imagem. Acreditava-se que, assim, a pessoa se converteria automaticamente, só ao olhar o santo”, fala Ângela. Outra curiosidade: a estrutura central não se mexe (para ficar mais leve nas procissões), e a peça foi doada pelo artista Poty Lazzarotto – pertencia ao acervo de seu pai, Isaac. | Antônio More/Gazeta do Povo

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NOSSO SENHOR DOS PASSOS - O santo de roca articulável, do século 18, chama atenção pela dramaticidade das feições e do sangue que escorre pela face. “O movimento do Barroco, que veio na contrarreforma católica, tinha como marca convencer o fiel pela imagem. Acreditava-se que, assim, a pessoa se converteria automaticamente, só ao olhar o santo”, fala Ângela. Outra curiosidade: a estrutura central não se mexe (para ficar mais leve nas procissões), e a peça foi doada pelo artista Poty Lazzarotto – pertencia ao acervo de seu pai, Isaac.

SANTA CEIA - O quadro de 1941, do pintor paranaense Theodoro de Bona, traz a famosa Santa Ceia com figuras em semblantes serenos. Ângela destaca a horizontalidade da obra: somente uma pessoa está em pé, destoando do restante. Observe o homem de roupa preta, com um semblante mais sério: segundo Ângela, acredita-se que seja Judas. | Antônio More/Gazeta do Povo

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SANTA CEIA - O quadro de 1941, do pintor paranaense Theodoro de Bona, traz a famosa Santa Ceia com figuras em semblantes serenos. Ângela destaca a horizontalidade da obra: somente uma pessoa está em pé, destoando do restante. Observe o homem de roupa preta, com um semblante mais sério: segundo Ângela, acredita-se que seja Judas.

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