Artista transforma fundos de casa em galeria por um dia

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Quando olhava para o galpão inutilizado atrás de sua casa, no bairro Santo Inácio, o artista Bruno Costa pensava que qualquer pessoa que, como ele, trabalhe com arte, "piraria" no amplo espaço para expor. Então, ele resolveu encher uma carreta de entulhos que ocupavam o lugar, e transformá-lo em uma galeria por um dia. No total, estão reunidos 11 artistas diferentes no projeto Fundo, que acontece hoje, a partir das 14 horas.

Vídeos, instalações, desenhos, pinturas e fotografias poderão ser vistas no espaço. Bruno Costa, C. L. Salvaro, Dach, Daniel Duda, Fabiane Queiroz, Jessica Candal, Jéssica Luz, Joana Corona, Lailana Krinski, Leco de Souza e Marco Favero são os artistas que compõem a exposição, aberta para o público em geral.

A entrada para a parte de trás da residência será feita por um terreno baldio, ao lado. Tudo para integrar o visitante ao ambiente e dar o clima do conceito principal, que é o de deslocar uma exposição para um espaço não usual.

A ideia, conta Costa, surgiu de duas necessidades. A primeira: fugir dos morosos processos de editais, em que o artista expõe somente uma vez ao ano, e precisa obedecer a todos os trâmites burocráticos impostos, desde a papelada necessária para ser aceito até acatar o que precisa ser servido no coquetel de inauguração. A segunda é gerar algo coletivo, sem curadoria. Ele selecionou alguns artistas, que chamaram outros, e o resultado foram 11 pessoas de diferentes gerações e experiências que se reuniram para a criação do projeto. "Não é uma negação ou crítica aos espaços tradicionais, mas sim uma alternativa."

Bruno Costa também salienta a interação que ocorreu entre os artistas e o espaço. Muitos deles conceberam a obra somente depois de visitarem o local. As próprias "imperfeições" do galpão, acredita Costa, como o mato, as paredes sujas e a churrasqueira, acabam sendo elementos com proposições artísticas.

Independentes

A mostra foi montada seguindo o conceito do "faça você mesmo", e com "zero reais", enfatiza Costa. O grupo conseguiu iluminação apropriada para a exposição em parceria com uma empresa especializada, e os próprios artistas montaram os trabalhos, sem ajuda de terceiros. "A montagem foi muito prazerosa, e dependeu de nós mesmos para acontecer. Não tem quem culpar por algo dar errado."

Durante todo o período da mostra, que será embalada por boa música, serão vendidas bebidas e comidas a preço de custo para os visitantes. Com isso, o idealizador do projeto pretende que as pessoas permaneçam no espaço e troquem impressões sobre os trabalhos. O evento terá também o lançamento de duas publicações, os zines LAB#7 e 1:1.

Segundo Costa, a intenção é que Fundo seja a propulsora de uma ideia para levar adiante. "Espero que outros artistas também possam abrir suas casas. É uma alternativa para não ficar tanto tempo parado e dependente de espaços de terceiros."