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"Dorival (Caymmi) não foi só um grande artista, isso todo mundo já sabe, ele foi um grande homem", foi dessa maneira que dona Canô, 100 anos, falou ao G1 sobre a morte do cantor e compositor baiano, que faleceu por volta das 6h deste sábado (16), em sua casa, em Copacabana. Ele sofria de insuficiência renal e teve falência múltipla dos órgãos.

"Quero mandar um abraço para Danilo e para Nana, filhos de Dorival. Quero dizer a eles que sinto muito pela morte dele. Ele estava sofrendo muito e agora está com Deus", disse dona Canô.

A amiga centenária disse que Dorival Caymmi deixa um legado de composições para a música brasileira. "Ele cantou o Brasil como ninguém, vai fazer muita falta para nós. Eu vou ficando aqui, mas ele foi para o céu. Está descansando com Deus", disse dona Canô.

O músico nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 30 de abril de 1914. Ele deixa mais de cem composições, entre elas ‘Eu não tenho onde morar’, ‘Maracangalha’, ‘O que é que a baiana tem?’ e ‘Rosa Morena’.

Maria Bethania disse que está muito triste sobre a morte. "Estou saudosa de vê-lo com vida. Ele está com Deus, com as rainhas do mar. Dorival Caymmi não morreu, ele é iluminado."

"A obra dele, a música e a genialidade dele são indescritíveis. O mundo todo sente a perda desse homem, desse artista, desse baiano. Ele deixa em nossas mentes todo o resplendor de seu trabalho brilhante e sereno", disse Maria Bethania.

Professor

"Não se tem idéia do que significa um disco com músicas praieiras de Caymmi feitas na década de 1940", disse o músico e compositor Tom Zé.

"A morte dele é perder o maior professor das nossas vidas. A primeira vez que vi ele cantando foi em 1949. Era uma coisa única. Toda música que fez foi sucesso", afirmou Tom Zé.

O músico lembrou do tempo que era estudante e que já gostava do trabalho de Dorival Caymmi. "Estava no ginásio e ouvia aquelas canções que passavam uma liberdade, uma ousadia com aquelas variações rítmicas das canções. Aquelas músicas, aquele jeito, me provocaram muita curiosidade".

"Não tenho nada a ver com o gênio de Caymmi, mas foi um dos meus grandes professores. Influenciou a todos. Estou gravando um CD e a primeira canção é 'Salvador, Bahia de Caymmi´. Tinha esperança de mostrar para ele. Agora vou mostrar aos filhos", disse Tom Zé. Família

Stela Caymmi, neta do músico, disse que "é uma benção ser da família de meu avô. Ele estava morando em Copacabana. Ele vinha fazendo tratamento há alguns anos e a gente imaginava que esse dia poderia chegar".

"Ele não sabia que tinha câncer e não queria saber, não perguntava muito sobre isso. Ele foi internado a primeira em 1999. Meu avô se submetia ao tratamento, mas não queria saber da doença. Ele tinha muita serenidade, que exercitava diariamente, por isso a gente respeitava esse desejo dele", disse Stela, que escreveu uma biografia do avô.

"Como artista, ele marcou a Música Popular Brasileira. Ele tinha uma obra simples e não há um músico da atualidade que não cite o trabalho de Dorival. A vida dele é a obra que ele deixou", disse a neta do músico.

Ministro da Cultura

"O Brasil perdeu hoje um grande mestre, mas pessoas como Caymmi não morrem, seguem encantados na vida e no imaginário do povo brasileiro. Uma obra permanece por estar viva em cada um de nós. Caymmi traçou um mapa afetivo, imaginário, sensual e lúdico de um Brasil", disse, em nota, Juca Ferreira, ministro interino da Cultura.

Segundo o documento, o ministro diz que "tantos são os gênios que aqui tivemos, mas Caymmi é gênio do Brasil, irresistivelmente brasileiro, porque sua genialidade é a expressão do nosso povo."

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