Georges Prosper Remi (1907 1983) nasceu em um 22 de maio. Aos 22 anos de idade, criou o personagem que o colocaria no Hall da Fama das Histórias em Quadrinhos e faria o seu nome ou melhor, o seu pseudônimo, Hergé, criado a partir de suas iniciais R.G. ser lembrado com carinho por qualquer leitor que foi criança e teve a sorte de topar com um exemplar de As Aventuras de Tintim.
O centenário do desenhista belga, celebrado hoje, é marcado por exposição em Madri, anúncio de projeto cinematográfico nos EUA, uma comemoração de peso na Bélgica e a reedição de sua obra pela Companhia das Letras no Brasil.
Embora tenha criado outros personagens e séries, como As Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe ou As Aventuras de Joana, Hergé se tornou célebre pelo jovem jornalista Tintim, seu cão Milu e o impagável Capitão Haddock.
Uma das marcas da HQ que se tornaria referência para artistas plásticos entre eles, Roy Lichtenstein (1923 1997) e Andy Warhol (1928 1987), ambos citaram o herói em seus quadros é a de ter criado, de certa forma, um painel de eventos que marcaram o século 20. Leitores de Tintim acabam se inteirando de temas como a guerra entre chineses e japoneses em 1934 e a tensão em torno da Guerra Fria. Como crítica, algumas histórias foram taxadas de racistas ou colonialistas.
Até o final do mês, a Companhia das Letras promete lançar As 7 Bolas de Cristal, O Templo do Sol e Tintin no País do Ouro Negro, três títulos que se juntam aos nove já reeditados (confira quadro). Toda a série dedicada ao Tintim conta 24 títulos, incluindo o Tintim e a Alph-Art, inacabado.
Nos EUA, a revista Variety anunciou na semana passada que, finalmente, Steven Spielberg está próximo de realizar um sonho de 25 anos: o de adaptar Tintim para o cinema. O cineasta vencedor do Oscar por A Lista de Schindler firmou acordo com a viúva de Hergé.
De acordo com informações da publicação americana, o estúdio Dreamworks fará uma trilogia de filmes inspirada em toda a coleção de livros. Um terá direção de Spielberg, outro, de Peter Jackson (O Senhor dos Anéis e King Kong). O terceiro nome ainda não foi definido.
A equipe de Jackson já produziu um piloto com 20 minutos de duração e, nas palavras de Spielberg, "Os personagens de Hergé renasceram como criaturas vivas, expressando uma emoção e uma alma que vão muito além do que qualquer coisa que vimos até agora com animação feita em computador".
Em Madri, a Fundación Juan March exibe "Tintim Lendo" (1993), obra de Lichtenstein. Na terra natal de Hergé, além de uma exposição no Centro Belga de Histórias em Quadrinhos (Centre Belge de la Bande Dessinée), em Bruxelas, Tintim deve ganhar um museu próprio a ser inaugurado até 2009 em Lovaina la Nova, cidade a 20 quilômetros da capital, Bruxelas.
Para se ter uma idéia da influência que o jovem de topete tem no mundo todo, As Aventuras de Tintim já ganhou tradução em mais de 50 países. Estima-se que a coleção tenha ultrapassado a marca dos 200 milhões de exemplares vendidos em todo o planeta. Há três anos, quando a Bélgica celebrou os 75 anos do personagem, o Banco Central cunhou uma moeda somente para marcar a data. Não é um exagero se amanhã ou depois, Tintim virar patrimônio cultural da humanidade.
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