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Ben Hur Cionek e Norbert Steidl: consenso sobre a música e a poesia de Winterreise | Elis Ribeirete/Divulgação
Ben Hur Cionek e Norbert Steidl: consenso sobre a música e a poesia de Winterreise| Foto: Elis Ribeirete/Divulgação

Serviço

Winterreise

Norbert Steidl e Ben Hur Cionek. Capela Santa Maria – Espaço Cultural (R. Cons. Laurindo, 273), (41) 3321-2840. Hoje e amanhã, às 20 horas. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada), e podem ser comprados na na bilheteria.

Uma das condições para que um concerto de câmara funcione é a completa sintonia entre seus músicos. No que depender do processo de imersão feito pelo barítono Norbert Steidl e pelo pianista Ben Hur Cionek na música e na poesia de Winterreise, de Franz Schubert (1797-1828), que o duo apresenta hoje e amanhã, às 20 horas, na Capela Santa Maria, o ciclo de lieder (canções alemãs, geralmente escritas para piano e voz, que tiveram ápice no Romantismo) do compositor austríaco será apresentado com toda a sua intensidade.

"Nos ensaios, chegamos a um nível de emoção em que houve até choro do cantor", conta Cionek, por telefone, para a Gazeta do Povo.

O pianista paranaense se refere à densidade de Winterreise – em português, "viagem de inverno" –, que se constrói sobre os temas lúgubres da poesia de Wilhelm Müller (1794–1827) com uma sonoridade sombria e triste, usando elementos de marcha fúnebre e tonalidades menores.

O lied "Erstarrung" ("gelo endurecido"), por exemplo, registra: "Beijarei o chão furando o gelo e a neve com minhas lágrimas ardentes até que possa ver a terra". A obra foi composta um ano antes da morte de Schubert, em 1827.

"Fizemos uma série de ensaios muito interessante, e chegamos a muitos consensos. Conversamos muito sobre o teor das poesias, o caráter dos fraseados, da harmonia. Muitas ideias se mesclaram, nos fundimos, e isso será colocado no palco", explica o músico.

Para Steidl, o ciclo de 24 lieder tem a dramaticidade semelhante à de uma ópera de Puccini (1858-1924) – daí sua dificuldade de interpretação.

"Mas trabalhei muito esse repertório, e já me apresentei uma vez com ele. Agora estou mais seguro das emoções dentro das canções, com a parte do piano", conta o músico, que é austríaco mas radicado em Curitiba.

"Na Áustria, todo festival tem esse ciclo uma vez por ano. É muito conhecido, quase música popular", conta o cantor.

Tanto os músicos como o produtor Álvaro Collaço, que teve o concerto viabilizado pelo edital "Música de Câmara na Capela Santa Maria", da Fundação Cultural, concordam que se trata de um programa raramente apresentado em Curitiba.

Eles calculam que a última apresentação aconteceu há cerca de 10 anos. "Não é inédito em Curitiba, mas eu apostaria que é inédito para a nova geração", diz Cionek.

O músico explica que a obra era considerada pelo próprio Schubert – que é um dos principais representantes do gênero – seu mais importante ciclo de lieder.

"Ele se familiarizou muito com a poesia e viu que a vida dele era muito parecida com os poemas", explica Cionek.

"Eu e Norbert concordamos que essa viagem de inverno é um paralelo com a vida: os momentos nebulosos, a saudade da infância, dos bons momentos."

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