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Lançamento

Mondo Massari – Entrevistas, Resenhas, Divagações & ETC

Fabio Massari. Edições Ideal, 476 págs, R$ 49,90. À venda no site ediçõesideal.com.

Há mais ou menos 25 anos, muita gente que gosta de música no Brasil usa a mesma estratégia na hora de conhecer novos artistas: se o jornalista Fabio Massari falou sobre um disco ou uma banda, vale a pena conferir. Apelidado por amigos e colegas como "Reverendo", Massari é um figura acima de qualquer suspeita mítica pra quem se interessa por música e jornalismo cultural desde a virada dos anos 1980/90.

Dono de um estilo peculiar e fonte inesgotável de informação musical, o jornalista e ex-VJ da MTV lançou recentemente seu quarto livro, Mondo Massari – Entrevistas, Resenhas, Divagações & ETC, que reúne sua produção dos últimos 14 anos em veículos como a MTV, a revista Rolling Stone brasileira, o portal Yahoo! Brasil e de programas da rádio Oi FM.

O livro traz entrevistas de nomes como Violeta de Outono, Gang of Four, Tele­vision, Depeche Mode, The Mars Volta, The Vibra­tors, Glen Matlock (Sex Pis­tols), The Kills, John Cale e Marianne Faithfull, entre outros.

Há ainda artigos sobre ­shows históricos dos anos 1980 no Brasil, incluindo The Police (1982), Queen (1981) e Nina Hagen (1985). Confira a seguir trechos de uma entrevista exclusiva do autor à Gazeta do Povo:

Por que você quis transformar em livro esses seus trabalhos no rádio e na tevê?

A ideia foi reunir o material que eu produzi ao longo dos anos com a "marca" Mondo Massari – tudo começou em 1999, com o programa da MTV. Depois de um tempo, assinei uma coluna mensal na Rolling Stone e, em seguida, uma coluna semanal no Yahoo! Brasil. Essa é, digamos, a primeira parte do livro. Na segunda, temos as transcrições (completas) das entrevistas do meu programa de rádio ETC, que foi ao ar na Oi FM até o começo de 2012. Como o ETC quase se chamou Mondo Massari, fechou-se uma espécie de ciclo: tevê, revista, internet e rádio.

Você sempre conseguiu uma liberdade invejável nos lugares em que trabalhou para conseguir falar de sons e bandas das quais ninguém nunca tinha ouvido falar. Como você conquistou isso?

Acho que isso acabou acontecendo de modo natural, pelo menos essa é a percepção. Se fui forjando um espaço é porque também percebi a oportunidade e, claro, acabei por contar com a compreensão (ainda que muitas vezes o "poder" não entendesse nada do assunto) e parceria dos canais e profissionais com quem trabalhei.

Alguma entrevista que fez é a mais memorável? Por quê?

Acredito que toda entrevista tem algum aspecto memorável – tudo bem, quase toda... Algumas foram muito importantes para mim, como fã e, digamos, profissional. Faust [banda alemã de krautrock], X [grupo punk de Los Angeles]... A do Jonathan Richman [cantor, compositor, guitarrista e fundador da banda The Modern Lovers] foi muito curiosa mesmo, mais pelo não dito, pelos bastidores, do que qualquer outra coisa. Ainda que tenha sido lindo ele fazer um som ao vivo pra galera. A do Television foi um pouco mais difícil, porque o Tom Verlaine [guitarrista e frontman] não curte muito esse tipo de atividade. Mas acabou rolando um clima bom, até descontraído. Entrevistar o camarada Clemente [da banda brasileira de punk rock Inocentes] é sempre garantia de ter boas risadas pra temperar!

Em qual frente você se sente mais confortável, escrevendo, na tevê ou no rádio?

Na tevê fui parar por acaso – e não era bem uma tevê convencional né, era a MTV Brasil, na época em que valia o "M" do nome. Ou seja, uma tevê diferente. Sou radialista de formação. E adoro escrever (por isso, continuo tentando aprender).

Qual é o segredo para uma grande entrevista sobre música?

O segredo é saber que, mesmo estando super preparado, tudo pode dar errado (risos). Se você souber do que está falando (lição de casa básica) e não for arrogante, já percorreu metade do bom caminho.

Quem foram os "caras do jornalismo cultural" que te influenciaram e inspiraram?

Boa, nunca me perguntam isso e eu acho muito importante e legal falar a respeito. Muita gente me inspirou, acho que muita gente continua a fazer isso. Meus primeiros registros de "jornalistas culturais" vêm da tevê: Big Boy e Nelson Motta.

Tenho bons flashes deles na cabeça. No rádio, curtia o Kid Vinil e o Leopoldo Rey. E o Zé Roberto Mahr. No texto, acho que meu primeiro herói foi o Ezequiel Neves – aquele mesmo da família Barão Vermelho. Gostava do lance autoral, protagonista, totalmente gonzo dele. Depois tem toda uma galera da Bizz que eu consumi pra valer: Alex Antunes, Arthur Geraldo Couto Duarte, Celso Pucci, André Forastieri e [André] Barcinski. Isso sem falar nos gringos!

Como você garimpa novos sons em meio a esta caudalosa oferta na web?

Usando todas as ferramentas possíveis e imagináveis. Da válvula aos supercondutores de partículas! Do cassete às quebradas da internet. Incluindo conversas com seres humanos de verdade.

Na sua opinião, como está o cenário da música neste momento da independência generalizada? Há espaço para todo mundo?

Que tem espaço, tem. Visibi­li­­dade e sucesso são outra coisa.

E aquela inevitável: o que você anda ouvindo ultimamente, "Reverendo"?

De Anjo Gabriel a Suuns.

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