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A banda Bad Religion é um dos grandes nomes da cena punk rock mundial | Divulgação/Seven Shows
A banda Bad Religion é um dos grandes nomes da cena punk rock mundial| Foto: Divulgação/Seven Shows

Ninguém é substituível. Com a morte de Lala Schneider, aos 80 anos, no último dia 28 de fevereiro, encerra-se a atividade de uma geração de atores que equiparou o teatro paranaense ao que se produz de melhor no país. Mas, sempre haverá marcas deste tempo que passou. A grande dama, por exemplo, ensinou – e inspirou – muita gente.

Suas herdeiras mais diretas talvez sejam as atrizes e amigas Claudete Pereira Jorge, Gilda Elisa e Regina Bastos. Embora de uma geração quase 30 anos mais nova, o trio andava sempre junto com a dupla "café com leite" Lala Schneider e Odelair Rodrigues.

Na vida (nos bares) e nos palcos. "Quando Odelair morreu (em 2003), Lala disse, chorando no enterro: ‘Agora ficou só o leite!’, lembra Gilda Elisa. Alguns anos depois, ela também deixaria muita gente órfã de professora, colega de palco e amiga.

A última peça em que atuaram com Lala, em 2005, pode ser considerada uma espécie de despedida da velha diva: Tempo de Amar, com texto de Edson Bueno e direção de Laércio Ruffa, em que a atriz conta sua vida.

As quatro atuaram juntas em diversos espetáculos, mas vale contar um episódio tragicômico que Gilda viveu com Lala, na única vez em que atuou no cinema, no final dos anos 70. No papel, a proposta parecia bacana. Mas, quando se deram conta estavam gravando uma pornochanchada "horrorosa", nos dizeres de Gilda.

Era o filme Os Galhos do Casamento, de Sérgio Segall, com as rainhas do gênero, as cariocas Aldine Miller e Helena Ramos. "Saímos da sessão de estréia de lenços e óculos, para não sermos reconhecidas", diverte-se Gilda.

Apesar da perda das amigas mais velhas, o trio de atrizes continua inseparável. A culpada talvez seja uma jovem atriz, a filha de Claudete, Helena Portela, de 27 anos. Gilda é sua madrinha e Regina Bastos chegou a amamentá-la quando o leite de Claudete faltou. Para sua sorte ou azar, Helena tem três mães, corujíssimas.

Divisor de águas

Regina já trabalhava como atriz há sete anos quando Ademar Guerra chegou a Curitiba para dirigir a peça Colônia Cecília, em 1984. "Quase me matei quando soube que não havia passado no teste", conta. Mas Claudete foi aprovada, e Regina foi cuidar de Helena para que a amiga pudesse ensaiar.

Depois, ela encenaria todas as outras peças do diretor paulista feitas por aqui (ler quadro). "Ele ficou com remorsos e me chamou", brinca. E conclui: "Ademar foi um divisor de águas na minha vida".

Em todos os sentidos. Sem saber, ele serviu de cupido para Regina e o iluminador Beto Bruel. Os dois se conheceram na década de 70, na escolinha de artes do Colégio Estadual do Paraná, onde estudavam.

Quando Guerra trouxe a Curitiba o espetáculo Hair, Gilda mal podia esperar para vê-lo, mas não tinha um tostão. Começou a fazer uma vaquinha entre os colegas para angariar o valor do ingresso. "Quando Beto soube, me disse para devolver o dinheiro e me convidou para assistir a peça com ele". Foi assim que começou o romance que perdura até hoje.

A história se repetiu com Gilda e Claudete, que também se casaram com colegas do teatro. Gilda ainda era menina quando conheceu o futuro marido, o ator e produtor José Basso. Eles atuavam juntos na companhia de seu tio, o ator Roberto Menghini.

Claudete foi casada até a pouco tempo com o ator Nautílio Portela, que hoje vive em Portugal. Foi ele quem lhe apresentou o teatro, ao convidá-la para ver a peça Em Família, em Cascavel. "Até aquele momento, a cada dia eu queria ser uma coisa. Então, decidi que seria atriz".

E foi o que fez, mesmo a contragosto do pai. Um dia, quando já estava em Curitiba, fingindo que cursava Letras, na Tuiuti, o pai encostou-a na parede: "Prefere o teatro ou a minha casa?". "No dia seguinte, saí de casa", conta.

Largou os estudos e foi viver o teatro. Regina bem que tentou estudar. Cursou o primeiro ano do Teatro de Comédia do Paraná, do Teatro Guaíra, mas os convites para atuar impediram-na de continuar. "Teatro não se ensina. As pessoas até podem aperfeiçoar-se, mas é um dom, a gente ganha", afirma Claudete.

Gilda que o diga. A mais precoce de todas, começou a atuar aos 3 anos, "quase por imposição". A avó e a mãe eram atrizes, o tio Menghini era proprietário do Circo Teatro Pavilhão e um dos pioneiros do rádio e da televisão no Paraná. A exceção era o pai, funcionário dos Correios e Telegráfos. Para agradá-lo, decidiu cursar Economia. Mas, também foi por causa dele que abandonou seu maior desejo, para, enfim, se assumir como atriz: ser freira. Quando já estava de malas prontas para ingressar na Ordem de Madre Tereza de Calcutá, na Índia, o pai a proibiu.

Criancinha, Gilda fazia papéis infantis no Circo do tio e em radionovelas da rádio PRB2. "Eu percebia que ia crescendo à medida que iam cortando o banquinho em que fazia as gravações", conta.

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