• Carregando...
Veja a temperatura em sua região |
Veja a temperatura em sua região| Foto:

Novas estripulias de Benigni

Depois da abominável adaptação de Pinóquio, parecia que Roberto Benigni seria mais uma página virada no cinema mundial. Mas eis que o diretor/ator italiano de inglês macarrônico (que ele finge ter, pois fala o idioma perfeitamente) retorna com um filme que tenta reeditar a fórmula de seu grande sucesso, A Vida É Bela. O Tigre e o Poeta, outra estréia da semana em Curitiba, apresenta os mesmos cacoetes do filme que deu a Benigni dois Oscars (ator e filme estrangeiro, vencendo o brasileiro Central do Brasil).

O cineasta vive o protagonista da história, Attilio de Giovanni, poeta e professor universitário que "inspira" seus alunos com seu jeito divertido de ser e encarar a vida. Ele conquista a todos menos sua eterna paixão, Vittoria (Nicoletta Braschi, mulher de Benigni na vida real e musa de todos os seus filmes recentes).

Ela parte para o Iraque para acompanhar o escritor Fuad (Jean Reno) em um evento, bem na época em que se inicia a invasão americana ao país. Vittoria é ferida e entra em coma, e Attilio faz das tripas coração para ir para o Iraque encontrá-la e buscar ajuda para salvá-la – tudo isso interpretado com a conhecida histeria de Benigni, que berra com soldados americanos (bem representados como sempre, pois convém agradar o maior mercado do mundo) e diversas pessoas, e faz diversas estripulias. O que era emocional e engraçado em A Vida É Bela vira piada de mau gosto em O Tigre e a Neve pela repetição e os exageros do diretor, quase intoleráveis. Mas, certamente agradará aos fãs do italiano. (RF) G

O cineasta Fernando Léon de Aranoa chamou a atenção em 2003, com um filme que desbancou o poderoso Almodóvar da disputa do Oscar pela Espanha. Naquele ano, muitos estranharam e se perguntaram por que Fale com Ela, mais um belo filme do cultuado cineasta madrilenho, tinha sido preterido e perdido a indicação para Segunda-feira ao Sol, estrelado por Javier Barden.

Almodóvar não gostou e brigou feio com a Academia Espanhola de Cinema, mas foi "vingado" com o Oscar de melhor roteiro original e a não-seleção do longa de Aranoa entre os finalistas de filme estrangeiro. Mas o maior nome do cinema espanhol poderia ter reconhecido que Segunda-Feira ao Sol também era um ótimo trabalho. Aranoa apresentou um estruturado drama social sobre o desemprego na Espanha, tendo como foco os estivadores de um porto local que seria desativado.

O diretor retorna à temática social em Princesas, filme que estréia hoje em Curitiba. O grupo retratado agora é o das prostitutas de Madri, suas dificuldades na vida e na profissão. A história é centrada em duas personagens: Caye (Candela Peña, do divertido Da Cama para a Fama) é um moça de classe média que, inicialmente, entra no mundo do sexo para conseguir dinheiro para colocar silicone nos seios, e que esconde da família seu trabalho; já Zulema (Micaela Nevárez) é uma imigrante dominicana que batalha nas ruas de Madri para obter recursos para o filho pequeno que deixou na terra natal.

Caye faz parte de um grupo de prostitutas espanholas que passa os dias em um salão de beleza a reclamar da "concorrência desleal" das imigrantes, que cobram menos pelos programas e ainda por cima roubam os clientes, denegrindo a imagem da classe. Os caminhos de Caye e Zulema acabam se cruzando e ambas iniciam uma grande amizade, compartilhando seus sofrimentos e sonhos.

Ao contrário de Segunda-feira ao Sol, que incluia uma boa dose de humor leve e até irônico, Aranoa carrega nas tintas do drama em vários momentos de Princesas. Ele acaba se apiedando demais das personagens, o que prejudica um desenvolvimento melhor da história. Apesar dos defeitos, o diretor apresenta novamente um trabalho interessante, que se sobressai principalmente pela atuação das atrizes protagonistas. GGG

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]