Assassinato, traição e dois grandes atores

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Espécie de encontro entre as tramas policiais de Agatha Christie e as de George Simenon, o ponto de partida de Mentiras Sinceras é uma morte aparentemente acidental. Um homem é atropelado por uma caminhonete Range Rover que foge da cena do acidente sem prestar socorro. A vítima é marido da caseira que trabalha para o advogado James Manning, interpretado por Tom Wilkinson. Situação que acaba por envolvê-lo.

Ao lado de Anne (Emily Watson), Manning vive o que acredita ser um casamento feliz. Para quebrar um pouco a rotina, a mulher o convence a convidar os vizinhos para jantar. É quando eles conhecem William Bule (Rupert Everett), homem tão seguro de si que beira a arrogância.

A trama começa a se delinear quando o advogado desconfia que o culpado pelo atropelamento é Bule. Pressionado por Manning, o milionário playboy confessa o crime. A situação se complica quando, quase simultaneamente, Anne admite viver um caso com Bule.

Ator inglês de mão cheia, Tom Wilkinson costuma interpretar tipos comuns. Seu rosto é capaz de levar a todo tipo de conclusões, boas e más. Talvez isso explique a escolha dele para ser um homem pacato que, ao perder o filho, chega ao extremo de planejar a morte do assassino no filme Entre Quadro Paredes, talvez o seu papel mais conhecido. Já Emily Watson (Embriagado de Amor) é uma das melhores atrizes de sua geração – ao lado de Cate Blanchett.

Mentiras Sinceras marca a estréia na direção do ator e roteirista Julian Fellowes. Coadjuvante em inúmeras produções britânicas, ele venceu o Oscar pelo roteiro de Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman.

Adaptada por Fellowes a partir do romance de Nigel Balchin, a história permite abordagens diferentes. É possível acompanhar os desdobramentos da traição admitida por Anne ou ver como se comporta Bule por ter de carregar a culpa pela morte mostrada no início do filme. GGG