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Cena do filme "Atividade Paranormal em Tóquio" | Divulgação
Cena do filme "Atividade Paranormal em Tóquio"| Foto: Divulgação

Chega a ser curioso que o sucesso da franquia Atividade Paranormal, aparentemente, tenha conseguido subverter o que parecia praxe no gênero de terror norte-americano nas últimas décadas: importar histórias do Oriente.

No contrafluxo de produções como O Chamado, O Grito, O Olho do Mal e Espelhos do Medo, refilmagens de êxitos asiáticos, finalmente os EUA conseguem emplacar um roteiro no outro continente: Atividade Paranormal em Tóquio (veja horários das sessões; atenção à data de validade da programação em cinza).

A inversão faz sentido. Idealizado em 2007 pelo então debutante roteirista e diretor Oren Peli, Atividade Paranormal combina simplicidade e baixo orçamento, duas características elementares de filmes como Ringu, Ju-on, Gin gwai e Geoul sokeuro -- os títulos originais das versões acima mencionadas, respectivamente.

Quando foi lançado naquele ano, a um custo de 11 mil dólares (os atores receberam 500 dólares de cachê), o bom argumento, as comparações com Bruxa de Blair, de cuja fonte bebe, e a assustadora campanha viral na web ajudaram o filme a render mais de 184 milhões de dólares. Tudo isso, com apenas uma câmera gravando o que acontecia no quarto (assombrado) do casal protagonista durante a noite.

Com os altos rendimentos veio a sequência, Atividade Paranormal 2, que só no fim de semana de estreia nos EUA arrecadou mais de 41 milhões de dólares e deu gás para um terceiro filme, que chega aos cinemas ainda este ano. Talvez, neste último, o espectador saiba o que finalmente aconteceu com a possuída personagem Katie (Katie Featherston), que desaparece após a morte de seu namorado.

No entanto, a versão nipônica, como se vê no meio do filme, está mais para um clone da produção americana, do que propriamente uma refilmagem. A jovem Haruka (Noriko Aoyama) acaba de chegar dos Estados Unidos, onde sofreu um acidente --- envolvendo Katie -- que a fez quebrar suas duas pernas. Seu irmão Koichi (Aoi Nakamura), que acaba de comprar uma câmera, grava a chegada da irmã e os estranhos fenômenos que a acompanham.

Com medo de que a casa esteja assombrada, o casal de irmãos passa a filmar os espaços da casa enquanto dormem. A partir daí, eles começam a experimentar as mais sombrias ameaças invisíveis, principalmente quando objetos e Haruka são empurrados e levantados por supostos espíritos como bolas de futebol.

O diretor e roteirista japonês Toshikazu Nagae tenta ser o mais fiel possível ao trabalho de Oren Peli, apenas adaptando algumas simbologias orientais na trama, como o conceito de "purificação da casa".

Entusiasta do gênero terror, Nagae já havia escrito, em 2002, o modesto "Gosuto shisutemu", sobre um rapaz que recebe um e-mail de seu colega morto há mais de 10 anos e descobre fazer parte de sistema digital de contatar espíritos. Com a base e as referências que possui, o diretor poderia ter explorado um pouco mais a história que tinha em mãos. Ao que parece, preferiu o caminho mais fácil da cópia, restando aos personagens repetirem o que o espectador acompanha desde 2007. Por isso, as cenas de real tensão, tão caras aos fãs do gênero, mostram-se apenas modestas e pontuais.

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