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Percorrer o Caminho do Peabiru (que vai do Atlântico ao Pacífico, na América do Sul), com um olhar de dramaturgo, é a proposta do ator e produtor Enéas Lour, beneficiado com recursos do Ministério da Cultura (MinC), através do Prêmio Funarte Myriam Muniz. De julho a novembro o ator vai estar fazendo um estudo teórico e percorrendo o caminho, com o objetivo de levantar informações que possam embasar um espetáculo sobre o tema.

O projeto aprovado pelo MinC vai acontecer em duas etapas: em julho, agosto e setembro Lour vai estar fazendo uma pesquisa teórica, em universidades, centro de estudos, entrevistando estudiosos sobre o assunto e em outubro vai percorrer o caminho, de carro, durante 30 dias. "O projeto também está sendo ampliado. Além da coleta de material quero fazer um livro com fotos do caminho. Meu objetivo é buscar o lado misterioso, há muitas lendas e histórias que pretendo verificar junto à população, com uma visão artística", comentou o ator que atualmente está em cartaz, em Curitiba, com a peça "Toda Nudez Será Castigada". Não existe um consenso sobre a origem do Caminho do Peabiru, para alguns autores teve origem com a civilização Inca, para outros foi um caminho criado pelos índios Guaranis. Foi batizado pelos jesuítas como o caminho de São Tomé. O que se tem registrado é que o caminho teria mais de 1.200 anos, tendo sido a mais importante via transcontinental da América do Sul pré-colombiana. Era uma estrada indígena com um tronco e uma série de ramais, formando uma rede. O colonizador espanhol Álvar Nuñes Cabeza de Vaca (que descobriu as Cataratas do Iguaçu), narrou sua caminhada desde a Ilha de Santa Catarina até Assunção, usando este caminho milenar que tinha cerca de 3 mil quilômetros, ligando o Atlântico ao Pacífico, unindo o litoral de Santa Catarina ao litoral peruano. Enéas Lour ainda não definiu o caminho que vai seguir, mas a idéia é sair de Cananéia, no litoral sul de São Paulo e percorrer até o Chile. "Na verdade, o caminho praticamente não existe mais, existem indícios. A cidade de Pitanga, no centro do Paraná, é onde se tem mais referência sobre este trajeto. Eu vou entrevistar a população das localidades para levantar o que elas sabem ou já ouviram falar sobre o caminho. É um trabalho de pesquisa da cultural popular, oral, que não está registrada", comentou.

No fim da viagem o produtor e ator deve entregar à Funarte um relatório sobre o que foi desenvolvido no projeto. Uma peça sobre o tema deve ser montada em 2007. "Eu fiquei surpreso com a aprovação do projeto porque é um proposta de pesquisa. Não tenho o compromisso de montar um espetáculo este ano. Provavelmente no ano que vem devo apresentar um novo projeto para captar recursos para montagem do espetáculo", disse Lour.

O projeto "Caminhos do Peabiru" recebeu recursos no valor de R$ 30 mil. Enéas Lour também já realizou um trabalho de pesquisa sobre a lenda de Vila Velha, que foi adaptada para o teatro, no fim dos anos 80.

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