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Takes

O diretor Martin Scorsese inaugurou na última terça-feira a Fundação Mundial de Cinema, que tem por objetivo preservar filmes esquecidos e restaurar outros que foram danificados. Inspirado por uma iniciativa semelhante nos Estados Unidos, criada por ele mesmo, George Lucas, Steven Spielberg e Clint Eastwood, a fundação, uma entidade sem fins lucrativos, foi lançada formalmente no Festival de Cinema de Cannes.

Um documentário sobre Alexander Litvinenko, ex-espião russo assassinado em Londres com uma substância radioativa, foi acrescentado no último momento à mostra oficial do Festival de Cannes e será exibido sábado, fora de competição. A Rebelião: o Caso Litvinenko foi dirigido por Andrei Nekrasov, 48 anos, amigo de Litvinenko, que filmou durante dois anos o ex-agente, que faleceu em 23 de novembro do ano passado em Londres aos 43 anos.

Cannes, França – O francês Mathieu Amalric, de L’Escaphandre et le Papillon, de Julian Schnabel, é favorito ao prêmio de melhor ator. Mas poderia ser também o Kurt Russell de Death Proof, o novo Quentin Tarantino, por que não? Os atores dominaram a programação do 60.º Festival de Cannes nos últimos dias. No último domingo, Leonardo DiCaprio veio aqui como produtor do documentário The 11th Hour. Na segunda, Brad Pitt também veio revelar seu lado de homem de negócios. Ele produz o novo filme de Michael Winterbottom, A Mighty Heart, interpretado por sua mulher, Angelina Jolie.

A 11.ª Hora discute a ecologia, assunto com o qual Leo tem se comprometido nos últimos tempos – por isso ele apresentou o prêmio de documentário, na última entrega do Oscar, vencido por Uma Verdade Inconveniente, sobre a cruzada do ex-vice-presidente Al Gore contra o aquecimento da Terra. Brad vai diretamente à política – não que a ecologia não o seja –, mas A Mighty Heart trata do assassinato do jornalista americano Danny Pearl por jihadistas no Paquistão. O marido de Angelina Jolie foi sucinto – diz que quer produzir os filmes que tem certeza de que os diretores não o convidariam para fazer. Atores, astros.

Amalrich confessa que está parando com a carreira de ator para se concentrar na de diretor. Ainda bem que foi persuadido por Julian Schnabel a fazer O Escafandrista e a Borboleta. O filme baseia-se na história real do jornalista francês Jean-Dominique Bauby, ex-editor de Elle. Em 1995, Bauby sofreu um acidente cerebral e ficou privado da palavra e dos movimentos. Mathieu Amalric transmite a angústia desse homem prisioneiro do próprio corpo. É fácil definir o filme de Schnabel como uma nova versão de Mar Adentro, de Alejandro Amenábar, com Javier Bardem. Fácil – mas não verdadeiro.

No filme de Amenábar, o personagem luta pelo direito à morte, que vê como uma maneira de afirmar a vida. A luta de Bauby é por outra coisa. O extremo isolamento lhe dá uma outra percepção da vida. A família, o amor, tudo o que ele está perdendo passa a ocupar o primeiro plano. Sua luta, no limite, é pela linguagem, para se comunicar. Mais do que Mar Adentro, O Escafandrista e a Borboleta talvez evoque o velho O Milagre de Anne Sullivan, de Arthur Penn, mas feito com outra preocupação. Bauby escreve, ou melhor, consegue ditar um livro, mas, até chegar lá, ele vive a metáfora do título. O escafandro, pesado, o puxa para o fundo do mar. Mas sua imaginação é uma borboleta querendo voar.

Essa metáfora se aplica a Antes do Anoitecer, que Schnabel fez antes, com Javier Bardem como o escritor cubano Reynaldo Arenas. O escafandro era lá outra coisa – o repressivo sistema político que discriminava duplamente Arenas, por ser gay e por ser contrário ao regime. Havia lá, também, uma borboleta querendo voar e isso não tem a ver necessariamente com a opção sexual do protagonista. O Escafandrista e a Borboleta é o melhor filme de Schnabel – melhor que Antes do Anoitecer. Aguarde – o filme será lançado no Brasil pela distribuidora Europa. Coincidência, ou não, a Europa Filmes também deve distribuir Death Proof, que passa aqui em Cannes como Le Boulevard de la Mort. Tarantino conta a história desse sujeito bizarro, um dublê de cinema que mata mulheres com seu carro programado para destruir. O filme divide-se em duas partes. Na primeira, Russell caça – executa – quatro mulheres. Na segunda, o caçador vira caça, perseguido por outras três mulheres.

Death Proof integra um projeto de Tarantino e Robert Rodriguez para recuperar os programas duplos que, numa certa época, caracterizavam a produção B de Hollywood. Cada um fez o seu episódio e o filme, com o título de Grindhouse, foi um fiasco nos cinemas dos EUA. Para a competição de Cannes, o diretor de Pulp Fiction – Tempo de Violência ampliou a duração em mais de meia hora, até atingir 2h07.

A sessão de imprensa rachou a platéia. Metade aplaudia, metade vaiava, no final. Pode ser uma coisa geracional. Os jovens adoraram o trash de Tarantino, a sua sensualidade, os longos diálogos. Os mais velhos acharam divertido, eventualmente, mas, no limite, uma bobagem e o feminismo do autor...? Francamente. Kurt Russell, de qualquer maneira, está sensacional.

Tarantino adora resgatar atores com o prestígio lá embaixo. Lembram-se de John Travolta, de Pam Grier, de David Carradine? O que Pulp Fiction, Jackie Brown e Kill Bill fizeram por eles, Death Proof poderá fazer por Russell.

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