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Meu Barco & Eu: compilação | Reprodução
Meu Barco & Eu: compilação| Foto: Reprodução

John Grogan escreveu sobre a convivência com um cachorro labrador no livro Marley & Eu e virou um sucesso incontestável de vendas. Ainda hoje, quatro anos depois de ter sido lançado no Brasil, vira e mexe, o livro reaparece entre os mais vendidos.

É um fenômeno difícil de explicar, porque a história é de uma simplicidade escancarada – ou talvez o interesse se deva exatamente por causa dessa qua­­lidade de Grogan. Sua ma­­­neira simples de abordar questões cotidianas aparece também nas crônicas de Meu Barco & Eu, compilação recém-publicada no Brasil pela Ediouro.

Os textos saíram primeiro no jornal Philadelphia Inquirer e tratam da vizinhança do autor. Vários fazem campanha para educar as pessoas quanto ao lixo. Grogan adora reproduzir histórias que recebe por e-mail de moradores que dedicam tempo e esforço para limpar seus quarteirões, caminhando com um saco de lixo na mão.

"Lixo, lixo por toda parte. Esse é um problema que ocorre no mundo inteiro, mas fiquei com a impressão de que é um dos passatempos preferidos dos orgulhosos habitantes da Filadélfia", escreve Grogan. "Nós estamos tão acostumados com isso que passamos direto. Às vezes, é preciso que os olhos de uma criança vejam o que os adultos aprenderam a ignorar. Nós transformamos esta terra histórica, arborizada, em um lixão. Em um mundo de problemas aparentemente insuperáveis, este é fácil de resolver. Da próxima vez, jogue o lixo na lata de lixo, tá legal?"

Num momento inspirado, ele escreve sobre como a vida se parece com um barco, lembrando as vezes que o pai o levou para velejar. Era quando os dois tinham chance de conviver de maneira mais próxima e o jovem podia assumir a responsabilidade sobre a embarcação e lidar com as dificuldades que surgiam nas viagens.

Um detalhe é que o pai nem era tão interessado no mar. Ele insistia nos programas marítimos pensando no filho.

Outra parte curiosa envolve uma série de crônicas sobre uma "epidemia" de bondade em Filadélfia, listando histórias de pessoas que fizeram ou receberam boas ações.

Grogan comenta questões locais relevantes, mas o faz sem brilho. Como se preferisse apenas relatar em vez de pensar o que é relatado. Seria então um comentarista e não um cronista.

Não se deve tomar Grogan como um emblema da crônica americana, mas também não se pode esquecer que ele é muito popular – Marley e Eu, afinal, surgiu de uma série de crônicas.

Meu Barco & Eu faz pensar em como é difícil encontrar cronistas estrangeiros que sejam páreo para os brasileiros. De qualquer forma, as histórias que o americano conta são humanas e bonitas. (IBN) GG

Serviço:

Meu Barco & Eu, de John Grogan. Ediouro, 200 págs., R$ 29,90.

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