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Tom Cruise está vivendo uma espécie de inferno astral nos últimos tempos. Desde que resolveu anunciar aos quatro ventos seu amor sem fim pela jovem atriz Katie Holmes (do seriado Dawson’s Creek), o mundo do entretenimento passou a vê-lo com olhos de desconfiança e perplexidade. Estaria um dos maiores astros de Hollywood perdendo a sanidade, o autocontrole, ao transformar um assunto de caráter privado em instrumento de marketing pessoal? Para piorar a situação, seu envolvimento com a Igreja da Cientologia, seita que abraçou nos anos 80 e tem pautado tanto suas escolhas profissionais quanto pessoais, também não ajudaram muito, reforçando a idéia de que Cruise, antes um símbolo do bom-mocismo norte-americano, teria caído de quatro no lodoso território da excentricidade.

Como a mídia não perdoa quem se expõe demais (vide o recente caso do "vídeo erótico" involuntário de Daniella Cicarelli), Cruise foi reclassificado pela imprensa. De herói e queridinho da América, ele passou a ser visto como um astro de comportamento bizarro. Nada mais natural, portanto, que tenha se tornado alvo de todo tipo de boataria – chegaram ao extremo de divulgar que, seguindo os preceitos da Cientologia, ele teria comido a placenta após o nascimento de sua filha com Katie Holmes, Suri.

Diante desse quadro, digamos, desvaforável, não é exatamente surpreendente que o desempenho comercial do mais recente filme de Cruise, Missão Impossível 3, tenha ficado aquém do esperado, especialmente nos Estados Unidos, onde o filme, uma superprodução de US$ 150 milhões, rendeu apenas US$ 133 milhões. Esse resultado desanimador fez com que a Paramount, que mantia com Cruise e sua sócia, Paula Wagner, um contrato de parceria há vários anos, rompesse o acordo. Vale lembrar, contudo, que MI3 foi bem melhor no resto do mundo, onde fez a respeítável cifra de US$ 262 milhões, superando, por exemplo, Superman Returns. Esse desempenho tem sua razão de ser: o filme, que já está entre os mais locados no Brasil antes de ser lançado em DVD nos EUA, é acima da média.

A história dessa terceira parte da saga do agente Ethan Hunt (e, ao que tudo indica, última), começa quando ele, agora aposentado de atividades práticas e trabalhando com treinamento de novos agentes, tenta salvar sua ex-aluna (Keri Russell, estrela da série Felicity), seqüestrada durante uma missão pelo inescrupuloso Owen Davian (Phillip Seymour Hofmann, de Capote).

Hunt descobre que Davian está atrás do "Pé de Coelho", um artefato que acabamos sem saber exatamente o que é, mas que aparenta ser de valor inestimável. Para completar o drama do protagonista, sua noiva é seqüestrada pelo vilão que tem agora a principal ferramenta para manipulá-lo.

Em uma trama rocambolesca, que não tem a intenção de fazer muito sentido, Tom Cruise corre, se machuca, escala prédios, chora, distribui tiros, enfim, sua a camisa em nome do entretenimento. O diferencial deste terceiro episódio talvez esteja na direção inventiva de J.J. Abrams, um dos criadores da cultuada série Lost, que também co-escreveu o roteiro. Abrams, apesar de ser mais reconhecido como um nome da televisão do que do cinema, sabe como poucos manipular o tempo narrativo e as espectativas do público. O resultado é um filme de ação contínua e eletrizante, apesar do enredo frágil, quase inexistente. GGG1/2

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