• Carregando...

Diante dos olhos, o retrato parecia o de uma babel desconcertada. Mas bastante contemporânea. Com a instalação da Casa de criadores – evento que reúne novos estilistas brasileiros – em pleno Viaduto do Chá, no centro velho de São Paulo, os freqüentadores locais (meninos de rua, mendigos, cães e gatos sem dono) acabaram tendo de dividir espaço com modelos esquálidas, que vestiam criações pouco usuais e desfilavam pelas redondezas como se estivessem mesmo numa passarela. Atrás delas, uma legião de fashionistas discorriam sobre as roupas com a propriedade de profissionais, enquanto os passantes assistiam a tudo meio descrentes, mas pedindo bis.

Para o público acostumado às maratonas fashion, tirando o percurso a pé e o sol escaldante sobre as cabeças, estava clara a integração entre moda e realidade. Aquela velha história de algo feito a partir do povo e para o povo. No entanto, para quem via o espetáculo pela primeira vez, o disparate entre os dois mundos era evidente.

Na Casa de Criadores não há mesmo muita roupa pronta para ser vestida. Tudo faz parte de um grande exercício de criatividade, da capacidade de transformar idéias em coleções. De tanto exercitar, esses desconhecidos acabam descobertos – a exemplo de figuras de renome, como Jum Nakao, Alexandre Herchkovitch e Walter Rodrigues. O evento continua até amanhã. E, pelo o que se viu, há ainda muito para passar por debaixo daquele viaduto.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]