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A banda americana Symphony X | Divulgação/Danny Sanchez
A banda americana Symphony X| Foto: Divulgação/Danny Sanchez

Com apresentação marcada em Curitiba nesta quarta-feira, no Master Hall, o baixista da banda norte-americana Symphony X, Michael LePond, anunciou não se importar com download ilegal de músicas na Internet. "Cada membro da banda tem uma visão diferente a respeito deste assunto. Quando eu era adolescente e todas essas bandas de metal estavam saindo, nós sempre trocávamos fitas das bandas que cada um tinha e o outro copiava. O seu nome é divulgado", afirmou, em entrevista à Gazeta do Povo, por telefone.

Integrante desde o ano 2000, LePond acompanhou o crescimento e consolidação do som metal progressivo da banda americana que surgiu em 1994. Dos membros remanescentes da formação original, seguem Russel Allen (vocal), Michael Pinnella (guitarra) e Michael Romeo (teclado), além do baterista Jason Rullo que deixou a banda entre 98 e 2000.

O baixista contou a respeito do grande ícone que o levou a se tornar um músico – Gene Simmons, da banda Kiss. "Eu o vi fazendo todas aquelas coisas loucas e pensei: ‘eu quero ser exatamente como aquele cara’", contou aos risos.

Ele se considera bem-sucedido em sua carreira, e diferentemente de outros membros da banda, adora estar na estrada em quartos de hotel. "Para alguns membros é mais difícil, pois eles têm filhos e família. Outros, como eu, amam estar em turnê", admitiu. Segundo ele, a banda não parou de viajar desde o lançamento do mais recente CD, "Paradise Lost", que chegou às lojas em junho de 2007.

LePond garantiu ainda que o próximo álbum da banda não irá demorar para chegar às mãos dos fãs, que esperaram durante cinco anos pelo último lançamento. "Não vamos correr, mas vamos fazer algo muito bom e bem mais rápido", prometeu.

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

Como é se apresentar no Brasil? Você tem boas memórias da primeira vinda da banda ao país?

Sim. Nós estivemos aqui em 2007, e você os fãs são muito animados, como vocês já devem ter escutado de outras bandas. Mas é tão maravilhoso assistir de cima do palco, e é muito fácil perceber que os fãs têm esperado por esta noite provavelmente por tanto tempo. Não nos desapontamos.

Seria esse um motivo para terem voltado apenas um ano depois?

Definitivamente sim. Nós tivemos uma turnê tão bem-sucedida na primeira vez que estávamos com muita vontade de voltar. E não temos nos desapontado, já passamos por outros países da América do Sul como a Venezuela nesta turnê e tem sido ótimo.

Quais serão as principais diferenças do show apresentado no ano passado e o desta semana?

Quando nós viemos no ano passado, o novo álbum estava próximo de ser lançado. Agora, o álbum já esteve nas lojas por mais de um ano, então vamos tocar muitas músicas dele. Nós estamos bem ensaiados e espero que gostem do show.

E o repertório do show, grande parte será de músicas deste álbum?

Ao menos metade delas.

A última parte da música "The Divine Wings Of Tragedy", do álbum homônimo, é chamada "Paradise Regained" (Paraíso conquistado, em tradução livre). Seria uma referência ao título do novo álbum, "Paradise Lost" (Paraíso perdido, em tradução literal)?

É interessante. No início, não planejamos que fosse desta forma, mas no fim acabou sendo. Acredito que chamaríamos isso nos Estados Unidos de uma "prequel", que a música "The Divine Wings of Tragedy" teria vindo antes do álbum "Paradise Lost".

E sobre o que se trata o tema do álbum e desta referência em especial?

"Paradise Lost" foi baseado no poema de John Milton de mesmo nome. É uma batalha entre o bem e o mal, e nós não queríamos que as músicas fossem apenas sobre este problema. Nós colocamos estas idéias e temas em nossa vida cotidiana. Talvez nem todas as músicas sejam sobre o livro, mas algumas delas são. Mas seguimos esta direção para o conceito total do álbum.

Esta música, "The Divine Wings of Tragedy", é um exemplo de várias do grupo que são longas (a canção tem 20 minutos de duração). Por que há esta opção por trabalhar a canção desta forma? O que você acredita que esta característica acrescenta na composição?

É um grande desafio, pois você tem que manter a audiência interessada. No estúdio, você só pode demorar o quanto quiser, e tem a oportunidade de colocar em prática de forma bastante lenta. E é um desafio ainda maior para tocar ao vivo. Até então, quando nós fazemos músicas como "The Divine Wings of Tragedy" e "The Odyssey", a platéia gostou bastante, somos muito sortudos.

A banda faz, em suas composições, várias referências a músicas clássicas, como por exemplo, Lacrymosa de Mozart. Muitas outras bandas de metal também seguem esta referência do gênero. Qual a importância do clássico para a formação do gênero do metal?

Eu acho que o clássico adiciona muita sofisticação à música. Não é que precisamos do clássico, pois isto depende de como você pretende trabalhar a canção. Mas, definitivamente, deixa a música um pouco mais intelectual.

O Symphony X já lançou álbuns que seguiram a linha um pouco mais refinada, enquanto outros seguem a tendência mais pesada, assim como é possível perceber no mais recente "Paradise Lost". Por que a escolha por esta opção?

Por conta do tema do álbum, "Paradise Lost". Você tem forças do paraíso contra forças do paraíso, e nós sentimos que o álbum tinha de ser mais pesado, mais obscuro para se encaixar ao tema. Não foi algo que nós sentamos e decidimos que queríamos fazer, mas foi uma escolha ao menos para este álbum e para este tema.

E para o próximo trabalho, a banda já começou a trabalhar nisso?

Não. Depois que "Paradise Lost" saiu, nós estivemos em turnê por tanto tempo que não tivemos chance de trabalhar em algo novo. Mas vamos começar a trabalhar em coisas novas logo depois do feriado de fim de ano.

Então a espera não deve demorar tanto quanto o último álbum, que teve um hiato de cinco anos com relação ao anterior?

Nós sabemos que não podemos demorar outros cinco anos para fazer outro álbum. Isso é algo que todos nós já conversamos, e vamos lançar um novo trabalho assim que possível. Não vamos correr, mas vamos fazer algo muito bom e bem mais rápido.

Existem muitos bons novos compositores e músicos, porém há um número tão grande de pessoas e é possível acessar o trabalho de todos tão rapidamente que é cada vez mais difícil ver nomes grandes e importantes nesta geração. Você acha que é mais difícil fazer boa música hoje em dia?

Existem tantas bandas por aí e tantas gravadoras, que é muito difícil ser notado atualmente. Infelizmente, muitas gravadoras procuram por bandas que tem um pacote fechado, que faz um determinado tipo de música porque isso vende. Então existem muitos músicos incríveis que não são descobertos. Eu espero que isso mude um dia.

O que você pensa quando vê que as pessoas baixam suas músicas na Internet sem pagar por elas?

Cada membro da banda tem uma visão diferente a respeito deste assunto. A minha é que eu não me importo. Quando eu era um adolescente e todas essas bandas de metal estavam saindo, nós sempre trocávamos fitas das bandas que cada um tinha e o outro copiava. Então, quando as pessoas fazem isso, o seu nome é divulgado. As pessoas que realmente gostam da banda vão querer comprar.

Existem muitas bandas que não são tão reconhecidas por um grande número de pessoas, mas que mantém certa rede de fãs leais que a suportam e assistem aos seus shows em diversas partes do mundo. Você acha que é melhor seguir esta linha mais underground? A pressão é menor?

Eu acho que no underground existe menos pressão em suas habilidades artísticas. Eu vejo que muitas das grandes gravadoras ditam que tipo de música você deve fazer, que tipo de marketing utilizar. Eu acho que a música perde a sua integridade. Eu acredito que a forma com que o Metallica surgiu é a forma que uma banda deve fazer. Eles começaram no underground, mas tiveram um grande número de fãs que se fixou neles, e basicamente eles os puxam para cima nos próximos trabalhos.

Como vocês lidam com a sua gravadora?

Nossa gravadora é muito boa conosco. Eles não nos dizem como escrever nossas músicas e não tentam nos levar a fazer coisas desconfortáveis. Basicamente, eles nos perguntam quando nós vamos ter um próximo álbum e então nós mantemos contato. Quando entregamos, eles o promovem. Somos muito sortudos com relação a isso com a nossa gravadora.

A banda vai tocar em cinco cidades brasileiras, e como você disse, vocês estão em turnê por bastante tempo. É difícil se manter longe de casa por tanto tempo? Como fica o relacionamento entre os membros da banda?

É bastante difícil ficar longe de casa. Para alguns membros é mais difícil, pois eles têm filhos e família, e é mais complicado se manter ausente. Para outros, como eu, eu adoro estar em turnê. Amo estar na estrada, em quartos de hotel e tudo isso. Mas depende da pessoa. É complicado, especialmente se você tem uma família.

Existe alguma banda que é a razão principal para você ter se tornado um músico?

Para mim, eu toco o baixo basicamente porque eu estava assistindo televisão um dia e vi um show do Kiss. Eu vi o Gene Simmons fazendo todas aquelas coisas loucas e eu pensei, "eu quero ser exatamente como aquele cara"! Logo depois disso eu comprei um baixo, e o resto é história. Hoje, me considero bem-sucedido.

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