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| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Inovações técnicas são destaque em montagem

Quando decide reencontrar a mulher por quem se apaixonou, o playboy milionário que faz as vezes de príncipe na montagem Cinderela do Balé Teatro Guaíra (BTG), sai pelos corredores do teatro com uma equipe de televisão. A câmera o acompanha, transmitindo ao vivo sua interação com o público na tela gigante que ocupa o palco.

A cena é uma das evidências do investimento técnico no novo espetáculo da companhia de dança paranaense. A coreografia, ritmada por diferentes passos e canções de musicais espanhóis, precisa trabalhar com o cenário e com esses aparatos que permeiam a história.

"Diferentemente de outras produções que fizemos recentemente, temos um enredo muito claro, cheio de dramaturgia", explica a diretora do BTG Cintia Nápoli. Para isso, além de dançar, os bailarinos também precisam atuar. O príncipe interpretado por Raphael Ribeiro chega a conversar com as mulheres da plateia, simulando que uma delas pode ser sua Cinderela.

Narrativa

A trama é conduzida por uma televisão de 5 metros x 3,5 metros. Assistida pela madrasta e pelas irmãs más da protagonista, o aparelho transmite anúncios (criados por Gabriel Rischbieter) e cenas de musicais. É por ali que as personagens descobrem que haverá um baile e que a fada madrinha, o bailarino (barbado) Airton Rodrigues, entra em contato com a mocinha, vivida por Patrícia Machado.

Como parte fundamental da ambientação, as vestes dos bailarinos também precisaram ser pensadas tecnicamente. O figurinista Gelson Amaral pesquisou roupas de época em filmes e revistas, mas antes de montá-las, foi necessário torná-las funcionais para a coreografia, que exigiu flexibilidade aos bailarinos.

Programe-se

Cinderela

Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº – Centro), (41) 3304-7982. De quinta-feira a sábado, às 20h30; domingo também às 18 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Espetáculo do Balé Teatro Guaíra. Assinantes da Gazeta do Povo têm 50% de desconto na compra de até dois bilhetes por titular. Classificação indicativa: livre.

  • Baile em que os protagonistas se conhecem foi remodelado com a cara dos anos 1960
  • Televisão gigante conduz a trama do balé e apresenta comerciais de época

A história continua a mesma. Explorada pela madrasta e pelas irmãs, a jovem Cinderela tem a chance de encontrar o grande amor em um baile com um empurrão de uma fada madrinha. O que muda na nova montagem do Balé Teatro Guaíra (BTG) é a ambientação, que passa a ser na década de 1960.

O espetáculo de balé contemporâneo Cinderela, que estreia hoje e fica em cartaz até domingo no Guairão, atualiza os cenários e os personagens. No lugar de um castelo, há uma mansão. Um conversível substitui a carruagem de abóbora. Em vez do príncipe, um playboy milionário procura a moça por quem se apaixonou durante o baile.

A ideia de dar uma roupagem contemporânea para o clássico conto de fadas foi do coreógrafo espanhol Gustavo Ramirez Sansano, ex-diretor artístico da companhia Luna Negra Dance Theater, de Chicago. O artista tinha na manga uma visão da história da gata borralheira quando foi chamado para montar uma produção no Guaíra. A direção do BTG fez o convite após assistir ao balé Quixoteland (2011), que atualizava o Dom Quixote de Miguel de Cervantes, dirigido por ele.

"Eu tinha um projeto de Cinderela produzido em 2006 para uma companhia espanhola. Por questões políticas, acabei não conseguindo realizar, mas toda concepção da montagem estava pronta na minha cabeça", diz o coreógrafo em entrevista à Gazeta do Povo.

Influências

Embora a história da moça dos sapatos de cristal tenha sido imortalizada pelas mãos de autores como o francês Charles Perrault (1628-1703) e Jacob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859), a maior influência de Sansano para o espetáculo paranaense é o filme dos estúdios Walt Disney, de 1950. "Foi uma animação que vi milhares de vezes quando criança. Era isso que eu queria ver nos palcos", confessa.

Insatisfeito com os balés existentes sobre o conto de fadas, o coreógrafo decidiu misturar diferentes obras para criar seu espetáculo. O resultado é uma colcha de retalhos, que traz ao público trechos das Cinderelas do italiano Gioachino Rossini (1792- 1868), do austríaco Johann Strauss Jr. (1825-1899) e do russo Sergei Prokofiev (1891-1953).

A diversificada sonoplastia ainda inclui canções de musicais espanhóis como "Más Bonita Que Ninguna", do filme homônimo protagonizado pela atriz Rocío Dúrcal, em 1965. Uma cena do longa-metragem, inclusive, é exibida na televisão que ocupa o cenário da sala da madrasta da protagonista.

"Juntei todas essas referências que acumulei ao longo da minha vida para dar corpo ao balé. Queria ter coreografias clássicas e números musicais. Uma produção artística tem de ser empurrada por esses elementos que formam nossa percepção de mundo", explica Sansano.

Celebração

O resultado do espetáculo agradou a diretoria do Teatro Guaíra, que arrecadou com o governo estadual e com O Boticário cerca de R$ 300 mil para a produção. "É nosso melhor espetáculo", garante a diretora-presidente do espaço Monica Rischbieter – com um sorriso no rosto.

O investimento envolve as comemorações dos 45 anos do BTG em 2014. A opção por um balé bem contemporâneo, além de popular, reforça o tipo de trabalho incorporado pela companhia nos últimos anos. "Cinderela tem toda uma linguagem e uma dramaturgia inovadora, que serão agregadas ao nosso repertório de coreografias. É uma produção muito bonita", afirma Cintia Nápoli, diretora do BTG.

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