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Izaías (ao fundo, no centro), com seu bandolim e os colegas do conjunto Seus Chorões: 60 anos de choro | Divulgação
Izaías (ao fundo, no centro), com seu bandolim e os colegas do conjunto Seus Chorões: 60 anos de choro| Foto: Divulgação

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Show Moderna Tradição, com Izaías Bueno de Almeida e Convidados

Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1.299, Centro), (41) 3360-5066. Hoje, às 21 horas. R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada).

O choro era a música da São Paulo nos anos 1950, segundo o bandolinista Izaías Bueno de Almeida. "Na cidade que mais crescia no mundo", em que edifícios surgiam todos os dias, as rodas de choro eram uma instituição.

"Tive a sorte de morar em um bairro [Casa Verde, na zona norte] que tinha muitos chorões. O pessoal tocava muito em reuniões, barzinhos e serestas de rua. O Jacob do Bandolim [1918-1969] sempre aparecia por lá. Eu, jovem, ficava maravilhado ouvindo aquelas músicas", lembra.

O fascínio virou ofício. O pai músico lhe ensinou técnicas de harmonia e solfejo. A prática foi adquirida nas esquinas. Em 1953, aos 16 anos, já era músico profissional: solista do Conjunto Atlântico.

Mais de sessenta anos depois, a paixão pelo gênero "mais brasileiro" segue inabalável. Líder do conjunto Izaías e Seus Chorões, a mais antiga formação instrumental ainda na ativa em São Paulo, o músico se apresenta hoje no Teatro da Reitoria.

No palco, estará ao lado do irmão, o violonista Israel Bueno de Almeida e de outros músicos que, a exemplo dos irmãos, participam como professores da 32.ª Oficina de Música. No repertório, clássicos do gênero e composições próprias, como "Prantos" e "Correndo da Chuva".

O professor elogia o nível técnico dos seus alunos. "Tem uns meninos muito bons aqui" – e conta que começa a perceber uma cara própria do choro feito em Curitiba.

"Em cada região, o choro tem um determinado sotaque, uma acentuação peculiar. No Rio, tem mais ritmo, em São Paulo, influência da música italiana e espanhola", explica.

Contador

Mesmo na estrada há mais de seis décadas, tocando em rádios e na tevê, ao lado de orquestras importantes, fazendo concertos, com cinco discos gravados e turnês constantes pelo país e pela Europa, Izaías conta que nunca conseguiu se sustentar apenas com a sua música. "Vim de uma família muito pobre, comecei a trabalhar com doze anos de idade. Trabalhava de dia e estudava à noite, me tornei contador", revela.

No pouco tempo que sobrava, praticava bandolim. "Eu tinha de fazer isso. Houve até uma época em que as emissoras de rádio pagavam ordenados razoáveis, com carteira assinada, mas isso acabou e hoje é impossível viver só de música no país", desabafa.

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