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O mercado de CDs não anda bem das pernas há muito tempo no Brasil. A alternativa para muitos artistas tem sido o lançamento constante de DVDs, formato que caiu no gosto do público brasileiro fã de música. Então, dá-lhe novidades na área. Uma das recentes vem com o selo da MTV, parceira das mais lucráveis das gravadoras nacionais nos últimos anos: a caixa MTV – Barão Vermelho (1991 – 2005), com três DVDs de shows de fases diferentes da veterana banda carioca.

O primeiro disco, com o inédito Acústico, pega o Barão em um de seus melhores momentos, logo após o lançamento de Na Calada da Noite (1991), talvez o principal disco do grupo pós-Cazuza. A banda confirmava uma nova formação – depois da entrada do guitarrista Fernando Magalhães e do percussionista Peninha no CD anterior (Carnaval), o respeitado Dadi (Novos Baianos, A Cor do Som) assumia o baixo no lugar do fundador Dé. Foi o primeiro acústico da emissora musical, que ainda engatinhava no Brasil – houve antes um piloto com Marcelo Nova, mas o programa dos cariocas inaugurou o formato no país.

Com uma instrumentação enxuta – violões, baixo acústico, bateria e piano clássico –, sem qualquer das ostentações que caracterizariam a maioria dos acústicos gravados no futuro, Frejat e companhia fizeram uma ótima e curta apresentação (dez músicas, pouco mais de meia hora), destacando as principais faixas de Na Calada da Noite ("Política Voz", "Tua Canção", "Tão Longe de Tudo", "O Poeta Está Vivo"), além de "Boomerang Blues" (Renato Russo) e a cover de "Vale Quanto Pesa", de Luís Melodia – tocada a pedido da MTV, que segundo Frejat "disse para a gente escolher alguma canção de MPB". De sucesso, apenas "Bete Balanço".

Experimentação

O projeto Balada MTV, apresentado no segundo DVD, foi gravado pelo Barão em 1999. Foi a única proposta de produto musical da MTV que não pegou – até hoje, a gravação do grupo carioca só havia saído em CD; foi realizada apenas mais uma edição do programa, com os Raimundos, que não rendeu CD.

O formato definido foi o semi-acústico, com os músicos utilizando violões e guitarras e contando com o apoio de um conjunto de metais e violinos. O cenário era limpo (todo branco) e não havia palco ou banquinhos para os músicos, que tocavam em estúdio da emissora, cercados de um selecionado público convidado – a maioria jovens.

O Barão fez uma interessante gravação, aproveitando para experimentar e mexer bastante nos arranjos das músicas – "Todo o Amor Que Houver Nessa Vida" virou um reggae, "Pedra, Flor e Espinho" ganhou um acento regional nordestino. O grupo gravava pela primeira vez uma música-solo de Cazuza (o hit "O Tempo não Pára"), resgatava "Eu Queria Ter uma Bomba" (a última gravada pelo ex-vocalista antes da complicada separação) e fazia bons covers de Raul Seixas ("Tente Outra Vez") e Legião Urbana ("Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto").

Completando a caixa, o mais recente show da banda, gravado em 2005 no revigorado Circo Voador, no Rio de Janeiro, que tem importância histórica para os grupos da geração 80 do rock brasileiro. O Barão mostra a competência habitual no palco e desfila seus maiores sucessos para uma animada platéia de fãs – a novidade é o dueto do "além" com Cazuza, que aparece cantando em um telão em "Codinome Beija-Flor". É o único disco que possui material extra – dois clipes e uma rápida entrevista dos integrantes falando sobre a história do grupo, com destaque para a traumática saída de Cazuza, devidamente perdoado.

Custando em média R$ 80 (há desconto em vários sites), o pacote vale pelo ineditismo dos dois primeiros DVDs.

Acústico e Balada MTV poderiam ter sido reunidos em conjunto único mais incrementado, investindo em um terceiro disco com mais extras, em vez do MTV Ao Vivo, lançado há pouco tempo no mercado – talvez com um documentário maior da história da banda, que completou 25 anos em 2006. A discussão sobre as feridas abertas por Cazuza certamente renderia muito mais. O grupo vai ficar parado por um tempo para que seus integrantes toquem seus projetos-solos nos próximos meses. GGG1/2

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