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O título é preciso: A Grande Ilusão. Você entra na locadora e vê a caixinha de um lançamento em que o elenco é de cair o queixo. Um filme com Sean Penn, Jude Law, Anthony Hopkins e Kate Winslet pode ser ruim? A resposta mais lógica seria "de jeito nenhum" e essa é a ilusão que o diretor e roteirista Steven Zaillian consegue criar – a de que um elenco incrível basta para fazer um longa-metragem ótimo.

A Grande Ilusão é a segunda adaptação do romance Todos os Homens do Rei, de Robert Penn Warren, vencedor do Prêmio Pulitzer em 1947 e lançado no Brasil pela editora Record. A primeira versão, realizada em 1949 por Robert Rossen, levou três Oscars, inclusive os de filme e ator (para Broderick Crawford).

Então veio Steven Zaillian, um roteirista de respeito, também vencedor do Oscar por A Lista de Schindler, e decidiu recontar a história de Willie Stark, um caipira branco do sul dos EUA usado como inocente útil em uma campanha política. Convencido a disputar o cargo de governador com outros dois políticos, Stark descobre que sua função era dividir o público eleitor, deixando o caminho livre para um de seus adversários.

Revoltado, ele decide romper com seus padrinhos políticos, adotando um discurso populista e raivoso a fim de arrebanhar em torno de si a faixa mais pobre da população. A estratégia dá certo e Stark vence a eleição. No caminho, ele se torna próximo do jornalista Jack Burden, filho de uma família tradicional da Louisiana.

É um drama político, gênero conhecido pela ausência de eventos espetaculares – nada explode e os cadáveres não vão sendo empilhados ao longo da narrativa. Sem perseguições de carro ou tiroteios intermináveis, cabe a um drama político oferecer tramas envolventes e personagens empáticos.

No entanto, passados quase dois terços do filme, a situação montada se resume a uma disputa entre Stark (Sean Penn) e o juiz Irwin Stanton (Anthony Hopkins). O primeiro corre o risco de ser cassado, graças ao impulso de onerar os ricos para favorecer os pobres, construindo escolas, hospitais, estradas e pontes. Irwin é um dos figurões afetados pelo populismo de Stark e aparece no jornal fazendo comentários desfavoráveis ao governador.

Stark quer fazer do juiz um aliado e aciona seu "detetive" pessoal, o jornalista Jack Burden (Jude Law), para desenterrar qualquer fato do passado que possa servir em uma chantagem. Pressionado por um possível escândalo, Irwin poderia calar a boca e mudar de lado.

Aos poucos, Stark faz o que pode para se associar à família Stanton. Ele começa um caso com a filha do juiz, Anne (Kate Winslet) e convida o filho dele, Adam (Mark Ruffalo), para dirigir um hospital público. Há ainda o fato de Jack ser amigo de infância dos irmãos e afilhado do próprio Irwin.

Com uma reconstituição de época impecável e uma fotografia linda, Zaillian cria a embalagem perfeita. Porém, dentro dela não há nada. Ou quase nada.

A última meia hora de filme chega perto de salvar todo o resto. Mas é exatamente o desfecho que deixa claro o tamanho da barreira erguida pelo diretor entre o filme e o público. Quando o destino dos personagens deveria ser arrasador, marcante e surpreendente, ele é apenas o fim da história. GG1/2

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