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Para músico curitibano, “panelinhas” dominam a cena local. | Divulgação
Para músico curitibano, “panelinhas” dominam a cena local.| Foto: Divulgação

É recorrente a história de um artista que nega temporariamente o que há de mais forte em si para se dedicar a outros projetos. Seja porque busca uma carreira profissional sólida e tradicional (dinheiro). Ou porque a vida escolheu, simples assim (o acaso). Veja o caso do publicitário e ilustrador Pietro Domiciano.

O curitibano de 1,86m e 27 anos foi jogador de basquete profissional no interior de São Paulo. Em 2009, fez um mochilão pela Europa. Violão a tiracolo e, em pouco tempo, o trio do qual participava era a grande atração da noite em um bar de Berlim, na Alemanha. Na sequência, deu aulas de música na Itália. Não é questão de acreditar ou não em destino, mas tudo estava meio encaminhado para o que viria na sequência, o lançamento de Enquanto Sonho Não Consigo Dormir, seu primeiro álbum solo (ouça abaixo).

“Desde que toco, há dez anos, sempre pensei em fazer um disco. Que tinha potencial para isso”, diz o músico. A oportunidade surgiu depois de uma lesão na mão, na época em que Pietro trabalhava cerca de 15 horas por dia num tablet, como ilustrador. O multi-instrumentista André Prodóssimo, professor de violão de Domiciano no Conservatório Villa-Lobos, deu o empurrão. “Ele me disse: vamos fazer. E aí a coisa ficou séria.”

Boa companhia

Prodóssimo é um dos bambas do violão no Brasil, reconhecido por seu trabalho com Paulinho da Viola, Dominguinhos e pelas diversas contribuições com André Abujamra em sua carreira solo. Quem acompanha a dupla – André toca guitarra em algumas das 11 faixas – é Endrigo Bettega, baterista do Na Tocaia, quarteto com feras do jazz que acompanha o trombonista Raul de Souza e a cantora Rogéria Holtz; e JP Teixeira, acordeonista da banda de Hermeto Pascoal. “Foi uma experiência incrível tocar com eles”, confessa Domiciano. Há ainda participações de Maria Alice Brandão (violoncelo), Rodrigo Simões (bandolim), Giovani Formenton (piano) e Andressa Prodóssimo (backing vocal).

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Sobre influências, o músico cita Paulinho Moska, Radiohead, Beatles – “as referências melódicas” –, e o disco Cavalo (2013), de Rodrigo Amarante. O disco – leia opinião ao lado – trafega pelo samba rock e cita a bossa nova.

“Panelinhas”

Domiciano já tocou com a banda Namorada Belga, e participou de outros projetos locais. Tem uma opinião contundente sobre a “cena” curitibana. “Sempre acompanhei muito as bandas daqui. Agora que estou no meio, entendo de forma diferente. A cena tem suas panelas. São vários grupos fechados com muita gente boa”, argumenta. O músico diz que o cenário é diferente de São Paulo, por exemplo, onde, em sua opinião, os grupos se ajudam de maneira mais recorrente. “Aqui, todos querem ganhar seu espaço. Estão preocupados com o ‘deles’ e não com o ‘nosso’”, cutuca.

A conversa acaba num tom megalomaníaco: para o segundo disco, o músico pretende fazer uma espécie de O Grande Circo Místico, espetáculo de teatro, música, circo e poesia apresentado em 1983 que tinha trilha sonora de Chico Buarque e Edu Lobo. Oxalá.

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