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Clássica

Bienal reuniu 73 estreias, com o Paraná em destaque

Na vigésima edição da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Fundação Nacional das Artes (Funarte), das 33 obras premiadas no concurso, 8 são de compositores residentes no estado

Um concerto da Orquestra Petrobras Sinfônica, sob regência de Roberto Duarte, encerrou a programação da Bienal no último domingo | Davy Alexandrisky/Divulgação
Um concerto da Orquestra Petrobras Sinfônica, sob regência de Roberto Duarte, encerrou a programação da Bienal no último domingo (Foto: Davy Alexandrisky/Divulgação)
Maurício Dottori, professor do Departamento de Artes da UFPR e um dos compositores do estado presente na Bienal |

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Maurício Dottori, professor do Departamento de Artes da UFPR e um dos compositores do estado presente na Bienal

Terminou no último domingo, com um concerto da Orquestra Petrobras Sinfônica no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a vigésima edição da Bienal de Música Brasileira Contemporânea da Fundação Nacional das Artes (Funarte).

Foram estreadas 73 obras selecionadas – 33 por meio do Prêmio Funarte de Composição Clássica em 2012 e 40 via encomenda a compositores eleitos por uma comissão de músicos com participação expressiva nas Bienais, como o catarinense Edino Krieger.

O perfil das obras, escritas para formações que vão de solos e duos a orquestra sinfônica (passando por eletroacústica), não permite identificar correntes, movimentos ou agrupamentos estéticos. "Só dá para ter uma ideia de que o cenário está muito variado", opina o compositor Tadeu Taffarello, pesquisador da Universidade Estadual de Londrina que teve obra estreada na Bienal e acompanhou os concertos desde o início do evento, no dia 27 de setembro. Para o compositor e professor do departamento de Artes da UFPR Maurício Dottori, a identificação entre os compositores de música clássica contemporânea se dá em aspectos como "não repetitividade" e "não replicação". "Até temos as nossas ‘modas’, mas elas dialogam com um passado muito maior", explica.

A diversidade é uma espécie de princípio que difere a Bienal de eventos no Brasil e no exterior em que há diretrizes estéticas. "Costumo dizer que a Bienal não tem nenhum caráter. Não temos nenhum compromisso com alguma estética, ideologia musical ou concepção do que deve ser a música, como deve ser a música do futuro", diz o musicólogo Flavio Silva, que é coordenador de música erudita da Funarte e um dos principais realizadores do evento.

Paraná

Já o perfil por região motiva interpretações. Das 26 obras de compositores do Rio de Janeiro estreadas na Bienal, 20 foram encomendas – um efeito do histórico tanto da tradição de formação musical na cidade quanto do próprio histórico da Bienal, que foi por muitos anos um fato carioca.

Mas a presença de compositores de um total de 13 estados via concurso, que é um mecanismo alheio a direcionamentos e propício ao surgimento dos novos nomes, mostra um processo de mudança no cenário em que o Paraná se destaca.

Das 33 obras premiadas no concurso, 8 são de compositores residentes no estado (que também teve Harry Crowl entre os nomes que receberam encomendas). É o estado com o maior número de obras concursadas.

Flavio Silva escreveu no texto de apresentação do evento que o número torna "flagrante" o peso da inovação no Paraná. E diz que não há mistério: os destaques surgem em lugares onde há prática musical sistemática e de qualidade.

"Ouvi de Flavio Silva que é impressionante a presença do Paraná este ano. A Bienal tem essa coisa de afirmação", conta Dottori.

As plateias dos concertos da Bienal, realizados na Escola de Música da UFRJ, foi formada principalmente dos próprios compositores, músicos e estudantes – perfil que resulta em conversas qualificadas nos coquetéis que se seguem às complexas apresentações e fazem do evento uma espécie de convenção. Mas a ideia é que as Bienais passem a investir mais na difusão – uma faceta inaugurada nesta edição com a gravação em vídeos dos concertos para publicação na internet em novembro. "A Bienal, que já foi um lugar de uma criação descompromissada, passa a ser um local de criação paga, realização e divulgação", diz Flavio Silva.

O repórter viajou a convite da Bienal.

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