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Ludmila e Fabiano contracenam em Avenida Independência... | Janete Anderman/Divulgação
Ludmila e Fabiano contracenam em Avenida Independência...| Foto: Janete Anderman/Divulgação

O diretor de teatro paranaense Paulo Biscaia Filho está fazendo escola. Durante o mês de março, sua peça Morgue Story: Sangue, Ba­­iacu e Quadrinhos (2004) foi apresentada no 1409 Playbill Café, em Washington (EUA), em montagem do Molotov Theatre. O mesmo texto também serviu de substrato para o recém-lançado livro de quadrinhos Vigor Mortis Co­­mics, e a versão para o cinema já foi premiada em festivais internacionais.

Hoje, a mão de Biscaia poderá ser vista em mais um trabalho de fora de sua Vigor Mortis, fundada em 1997. Em Avenida Independência 161 – Trilha Sonora para Coisas Irreversíveis (confira o serviço completo do espetáculo), que estreia no Novelas Curitibanas, ele repete com a MKF Produções Artísticas a parceria já aprovada em Pincéis e Facas (2006) e Santa & Domênica (2008).

Na trama, uma hipocondríaca viciada em jogo e sua irmã rebelde moram no mesmo prédio de um casal muito teatral: uma garota que fugiu de casa aos 14 anos e um guerrilheiro anarquista.

A narrativa não linear da obra apresenta ao público as particularidades de cada uma dessas vidas, que se mesclam quando os quatro encontram segredos guardados no 14.º andar do Edifício Diana, onde desvendam segredos que desencadeiam eventos sanguinários.

O texto é de Biscaia, escrito a partir de referências trazidas pelas atrizes Karla Fragoso, Ludmila Nascarella e Kassandra Speltri, que desenvolvem pesquisas centradas no universo feminino. No elenco, elas ganham o reforço de Fabiano Amorim.

A sonoplastia, também de Biscaia, foi criada como um elemento que ajuda a contar a história. "Partimos da ideia de que as grandes decisões que tomamos na vi­­da são embaladas por música", explica Karla. Daí as "trilhas sonoras" do título.

Grand Guignol

Quando procurou retomar a parceria com Biscaia, Karla conta que buscava no diretor uma in­­fluência "de alta qualidade teatral, mas que ao mesmo tempo traz elementos de outras mídias".

Já Biscaia disse à Gazeta do Povo que considera direções como essa uma sandbox – algo como uma área de experimentação onde ele se sente mais livre. "Existe um distanciamento maior por eu não ter o compromisso com a continuidade da linguagem da Vigor Mortis", explica.

A linguagem em questão é o Grand Guignol, gênero surgido no fim do século 19 e que inspira a Vigor Mortis desde sua estreia nos palcos com PeeP – Através dos Olhos de um Serial Killer. A regra é dar vazão à sede de sangue e horror que todo mundo tem, em menor ou maior escala.

O que Biscaia traz de diferente nessa experimentação é um pouco mais de silêncio. "Já fui excessivamente verborrágico, mas enjoei de tanto ouvir palavras", diz. Ele explica que, muitas vezes, o texto serve de muleta para o ator: enquanto tiver palavras, este sabe o que fazer, mas, quando elas são retiradas, é preciso buscar uma nova dramaticidade para que a encenação continue.

Serviço:

Avenida Independência 161 – Trilha Sonora para Coisas Irreversíveis (confira o serviço completo do espetáculo). Teatro Novelas Curitibanas (R. Carlos Cavalcanti, 1.222-São Francisco), (41) 3321-3358. De quinta a domingo, às 20 horas. Entrada franca. Até 29 de maio.

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