O primeiro disco de Dylan que os Beatles ouviram foi o segundo, "The freewheelin' Bob Dylan", que tem os hinos "Blowin' in the wind", "Masters of war" e "A hard rain's gonna fall", verdadeiros mísseis nucleares em termos poéticos para uma banda que ainda cantava "quero segurar tua mão" e "ela te ama yeah yeah yeah".
O disco caiu nas mãos deles quando estavam fazendo temporada de um mês no Olympia de Paris em janeiro de 1964. Em fevereiro, eles conquistaram a América e, em agosto do mesmo ano, conheceram Dylan em Nova York, levado por um jornalista a quem tinham pedido que arranjasse o encontro.
Na sua autobiografia "Many years from now", Paul McCartney conta que depois dos cumprimentos, o empresário dos Beatles, Brian Epstein, perguntou o que Dylan queria beber. "Vinho barato", respondeu o bardo. Como os Beatles estavam bebendo vinho francês do bom, o roadie Mal Evans correu atrás do que Dylan queria. A seguir os Beatles ofereceram comprimidos de Drinamil, droga de consumo generalizado da juventude britânica. Dylan disse que preferia fumar um baseado.
Pegou o necessário com seu roadie e começou a enrolar. Sempre segundo Paul, Brian disse a Dylan que nunca tinham fumado maconha. "E aquela canção sobre ficar alto, "and when I touch you I get high", indagou Dylan. Era "I wanna hold your hand", que ele entendera errado por causa do sotaque de Liverpool dos Beatles. "É 'I can't hide'", explicou John Lennon.
Ringo foi o primeiro. Paul, John e George perguntaram o que estava sentindo. "O teto está vindo para cima de mim", respondeu o baterista. "Wow, também queremos," disseram. Foi uma festa. Beberam e riram muito naquela noite. Depois desse dia, os Beatles nunca mais foram os mesmos. Começara a caminhada rumo a "Sgt. Pepper's".
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