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Repertório de Almamúsica passa pelo filtro afetivo do casal | Wallace Souza/Divulgação
Repertório de Almamúsica passa pelo filtro afetivo do casal| Foto: Wallace Souza/Divulgação

Em breve

Guinga e Francis juntos em CD

Depois que o carnaval de 2013 chegar, a gravadora Biscoito Fino vai lançar um disco que promete iniciar bem o ano: Francis & Guinga, que reunirá 20 canções escritas pelos dois compositores, agrupadas em dez faixas. Exemplos: "Nem Mais um Pio" (de Guinga e Sérgio Natureza, composta em 2001) dialoga com o clássico "Passaredo" (da parceria Francis Hime e Chico Buarque, composta em 1977); já "Saci" (Guinga e Paulo César Pinheiro, 1993) vai se conectar "Parintintin" (1980), assinada por Francis e Olivia, que fez a letra da inédita "A Ver Navios", cuja melodia foi composta a quatro mãos pelos dois músicos.

Francis conta que conheceu Guinga há 30 anos, durante a gravação de um disco da cantora Clara Nunes (1942-1983), para o qual Hime havia feito os arranjos. O violonista escalado não pode comparecer, e Guinga foi chamado no lugar. "Ficamos amigos, mas só iríamos trabalhar juntos agora."

  • Almamúsica ao Vivo: Francis e Olivia Hime. Biscoito Fino. Preço médio: R$ 39,90 (CD) e R$ 54,90 (DVD). MPB

Francis e Olivia Hime estão juntos desde 1965. Casaram três anos mais tarde. Na música, o namoro é longo, costurado por muitos acordes, e por tantas canções que o casal decidiu renovar as bodas cantando e tocando. Primeiro em um álbum de estúdio, Almamúsica, de 2011, que depois foi levado ao palco e agora ganha versão em CD e DVD gravado ao vivo.

A reportagem da Gazeta do Povo falou com as duas caras metades. Primeiro com Olivia. Depois, com Francis. Cada um deu sua versão dos fatos, relatou como se deu esse encontro marcado, cuja intenção foi celebrar uma vida a dois em canções. Assim, a primeira pergunta, inevitável, para ambos, acabou sendo: "Como foi elaborado o repertório?"

Almamúsica, o show, assim como o álbum que o antecedeu, é um rosário de grandes canções brasileiras, algumas muito conhecidas, outras nem tanto, que se encadeiam dentro de uma lógica muito subjetiva, que passa pelo filtro afetivo, biográfico do casal. Mas escolhe-las não deve ter sido tarefa fácil.

Francis contou que ele e a mulher pensaram em criar blocos temáticos, agrupando músicas em torno de traços em comum, que poderiam ser filmes de cujas trilhas sonoras elas fizeram parte, ou peças teatrais, discos, shows de suas carreiras. Não rolou. A opção acabou sendo por uma "não lógica" que as costurasse.

"São músicas que a gente ama, escolhidas a partir de um olhar contemplativo sobre o que a gente faz, ouve e compartilha há tanto tempo", conta Olivia. Por isso, tanto ela quanto o marido preferem denominar de "suítes" os blocos de canções que se entrelaçam em uma mesma faixa. "Não queríamos que ficasse com cara de pot-pourri", justifica a cantora e compositora.

Uma delas combina, em uma mesma faixa, "Paciência", de Lenine e Dudu Falcão, uma composição da MPB mais contemporânea, a uma citação aos dedilhados que abrem o clássico "Morro Velho", de Milton Nascimento.

Francis conta que a aproximação entre as duas músicas se deu porque um dia ele chegou ao estúdio da gravadora Biscoito Fino, administrada por Olivia, e encontrou o compositor mineiro, um dos fundadores do Clube da Esquina, gravando "Paciência", acompanhado por um coro de crianças.

Em outra dessas suítes, são alinhavados "Samba da Bênção", de Vinicius de Moraes e Baden Powell, cujos versos dizem "É melhor ser alegre que ser triste/ Alegria é a melhor coisa que existe/ É assim como a luz no coração", à mais recente "Desde Que o Samba É Samba", de Caetano Veloso e Gilberto Gil ("O samba é o pai do prazer/ O samba é o filho da dor").

Making of

O DVD com o registro do show Almamúsica, gravado no Teatro Fecap, em São Paulo, traz um extra que vale tanto quanto a apresentação: o making of Sons e Silêncio, documentário que acompanha a rotina criativa de Olivia e Francis na casa de campo do casal em Itaipava, na região da Serra Fluminense.

Em clima de descontração e intimidade, o casal é visto ensaiando, fazendo refeições, conversando sobre música, discutindo arranjos e repertório, e, é claro, interpretando muitas das composições de Almamúsica e outras que ficaram de fora do disco e do show, como "Eu Sei Que Vou Te Amar" e "Se Todos Fossem Iguais a Você", ambas de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Sobre o fato de ter aberto as portas de sua casa, e ter permitido que as câmeras captassem sua rotina de trabalho com Francis, Olivia, que teve a ideia do making of nesse formato, disse que o documentário retrata uma intimidade profissional, não pessoal. "Havia uma cena em que o Francis passava a mão no meu pé e eu pedi para cortar. Achei que já era demais."

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