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"Se existe preconceito com a comédia? Não é bem um preconceito. É uma discussão filosófica sobre o valor da comédia, que existe desde a Grécia Antiga. A tragédia era considerada a arte maior. Mas existem tratados sobre a importância da comédia.

Posso falar que, do ponto de vista do fazer teatral, é na commedia dell´arte, que não é trágica nem dramática, que as artes teatrais adquirem o espaço de arte profissional.

A comédia de boa qualidade tem uma interlocução fácil, um acesso fácil com a população em geral: ela dialoga com classes sociais de status diferentes.

Isso porque é leve, não assusta, e, ao mesmo tempo, encontra brechas para fazer críticas importantes para a sociedade.

O grande teatro universal, que transcende os tempos, inclui a vida, e existem na vida momentos cômicos e trágicos quase concomitantes.

Veja, por exemplo, um velório. Ele é rico em humanidade. Há momentos em que as pessoas riem, pelas memórias do falecido, e em outros se debulham em lágrimas por uma questão das mais dolorosas.

O grande teatro agrega diversos gêneros teatrais. E o bom teatro é um lugar raro, seja na comédia, no drama ou no épico.

O que temos hoje é uma explosão da comédia simplificada, e isso não é muito formativo do ponto de vista estético.

Estou pensando em alguns palhacinhos, que não são os verdadeiros palhaços, que carregam em si a dimensão trágica do humano, das coisas que não funcionam...

É um momento em que está na moda o stand-up, o que não quer dizer que não haja artistas sérios nesse gênero. Mas virou uma invasão. É algo barato de se produzir e não requer muita traquitana cenográfica, nem longos períodos de estudo.

Mas isso é no geral. Como exemplo positivo cito Hélio Barbosa, que faz um stand-up responsável, e não porque está na moda.

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