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É perceptível o toque pessoal dado por Fernanda Machado ao figurino de sua personagem Joana, da novela Paraíso Tropical, da Rede Globo. Pudera. A atriz já está íntima da equipe que cuida do guarda-roupa do elenco. "As meninas estão pensando nas roupas de 60 personagens e, às vezes, não têm tempo para refletir sobre as características de cada um. Como atriz, não custa nada ir lá ajudar, dar uma opinião", conta. Esta é a terceira novela da atriz, que já participou de Começar de Novo (2004), e Alma Gêmea (2005).

Na fase deprimida de Joana, ao descobrir que seu verdadeiro pai é o cafetão Jader (Chico Diaz), ela sugeriu uma paleta de cor mais cinza, escura. "Novela tem ligação com a moda, e às vezes você tem que estar feia e não te deixam. Então, eu compro uma briga. Falo: ‘Gente eu quero um pijama desbotado. Quem está deprimida em casa não quer se arrumar’".

Acostumada a participar de todo o processo de realização de um espetáculo teatral, o modo

"cada um faz o seu" de trabalhar na televisão ainda não foi muito bem digerido pela atriz de 27 anos, nascida em Maringá. "Teatro é a arte do coletivo e a televisão é muito individualista", diz. A preocupação com o figurino, a luz, o cenário, é herança dos anos em que encenou diversas peças em Curitiba – e recebeu o Prêmio Gralha Azul 2004 de melhor adereço com a peça A Longa Viagem do Comandante Fulano de Tal Através do Grande Oceano, de Enéas Lour, da qual também participou como atriz.

O reconhecimento do público que acompanha a trajetória pedregosa de Joana comprova que o jeito versátil da moça não é só cena. Aos 12 anos, ela já se dividia entre as aulas de teatro e de balé clássico, em Maringá. Com 15, decidiu que ia estudar Artes Cênicas na Faculdade de Artes do Paraná – FA, em Curitiba.

Dois anos depois, passou no vestibular e se mudou de mala e cuia para a capital, onde logo teve que optar entre o teatro e a dança. "Chegou uma hora que eu estava trabalhando com o teatro, com publicidade, e tive que faltar muitas aulas, ensaios. Então, foi uma escolha natural, saquei que minha entrega foi maior no teatro", explica.

A bailarina, no entanto, sempre se revela em seus trabalhos de atriz. "A dança me deu consciência corporal e alongamento." Em seu primeiro papel importante no cinema, como a personagem Maria do filme Tropa de Elite, de José Padilha, que estréia nos cinemas no dia 12 de outubro, a experiência foi indispensável. "A Fátima Toledo (preparadora corporal do elenco), tem um trabalho forte de corpo", conta.

A atriz já havia feito um papel pequeno em Inesquecível, de Paulo Sérgio Almeida, mas conta que em Tropa de Elite descobriu o prazer de fazer cinema. "Me senti em casa. O ritmo é mais lento do que na TV, a gente criava junto, desde a partitura de cena, texto, improvisação. Estou louca para só fazer isso daqui pra frente", empolga-se.

Fernanda confessa que ainda não se acostumou à urgência da televisão. "Tive momentos incríveis nessa novela, como o da prostituição, da descoberta do pai, mas tinha que fazer correndo porque às vezes gravamos 30 cenas em um mesmo dia". A frustração não impede a atriz de reconhecer pontos positivos do desafio como o reconhecimento abrangente do público, a possibilidade de conhecer grandes atores e a visibilidade, que lhe abriu portas para o teatro e o cinema.

No ano passado, por exemplo, foi convidada para encenar O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, pela primeira vez profissionalmente. "Fui logo fazer a Selminha, personagem que ele escreveu para Fernanda Montenegro. Que medo!", conta. Sua atuação, sob a direção de Michel Berkovitch, passou até mesmo pelo crivo da exigente crítica teatral Barbara Heliodora e foi vista por José Padilha, que lhe propôs o papel em seu filme.

A atriz conta que já recebeu mais três convites para participar de espetáculos, dois irrecusáveis. Não vai ser fácil escolher entre ser dirigida por José Possi Neto ou Adherbal-Freire. "Minha carreira segue um caminho que sempre quis, o da atriz que não vai largar o teatro nunca", conta.

Mas, o que esta curitibana de coração mais deseja é intercalar temporadas de trabalho no Rio e em Curitiba. "Quero fazer como a Débora Falabella, que ensaia em Belo Horizonte, com a galera dela, e vem estrear aqui."

A atriz, que viveu sete anos em Curitiba, considera bem mais difícil fazer teatro no Rio de Janeiro. "É complicado sobreviver aqui com algo sério, com drama, a platéia carioca já está adaptada à comédia besteirol", considera.

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