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Alguns filmes merecem elogios apenas por apresentar, em tempos de absoluta falta de criatividade, argumentos originais e surpreendentes. Esse é o caso da comédia "Os Inconscientes", assinada pelo cineasta espanhol Joaquín Oristrell. Embora a produção, na superfície, dê a impressão de se tratar apenas de uma saborosa sátira aos hábitos sexuais da burguesia na Barcelona do início do século 20, um pequeno – porém essencial – detalhe no roteiro a torna única.

Oristrell, também autor da história de "Os Inconscientes", tece uma instigante trama em cujo centro está um tema muito provocativo: a popularização da psicanálise nos meios médicos da época. O enredo gira em torno do misterioso desaparecimento do médico Leon, fiel seguidor do psiquiatra Sigmund Freud que se vê enredado pelo fascínio que nutre pelas teorias do gênio austríaco, ao aplicá-las à própria vida.

Diante do sumiço inexplicado de Leon, sua mulher, que atende pelo sugestivo nome de Alma (Leonor Watling), resolve apelar ao cunhado Salvador (Luis Tosar). Quer que ele a ajude a encontrar o marido.

O que Alma desconhece é que sua irmã e Salvador têm sérios problemas sexuais e o rapaz, também psiquiatra, nutre por ela uma paíxão platônica e inconfessa. Desse quadrilátero amoroso – e familiar – surgem as mais estapafúrdias e hilariantes situações, com direito à participação especialíssima de Freud, em carne e osso, cuja visita à cidade catalã serve como uma espécie de catalisador para a história toda.

Com uma produção impecável, "Os Inconscientes" funciona tanto como comédia sexual quanto romântica, graças ao carisma dos personagens, muito bem defendidos pelo elenco, impecável. E, de quebra, tem os méritos de tratar com leveza e extrema ironia a psicanálise, assunto espinhoso para alguns, hermético para muitos.

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