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Dança no final entra em choque com cenas fortes da peça. | Deyvison Teixeira/Divulgação
Dança no final entra em choque com cenas fortes da peça.| Foto: Deyvison Teixeira/Divulgação

Seria a autoria de Bertolt Brecht o agente aglutinador? O fato é que o Teatro da Reitoria atraiu um público muito diverso de outras montagens experimentais deste Festival, com espectador comum do que profissionais de teatro.

O grupo cearense apresentava o “material Fatzer”, peça inacabada de Brecht, com o título “Diga Que Você Está de Acordo! Máquina Fatzer”. Decidiram usar uma língua inventada (o “gromelô”). Teve gente se mexendo na cadeira. Um casal comentou entre si o fato de não haver legendas.

A trama fala de três soldados que desertam durante a 1ª Guerra e se escondem na casa de um deles, sendo atendidos por sua jovem esposa. A cada ação ou decisão, tudo precisa ser votado, erguendo a mão, um elemento cômico no início do espetáculo.

A repetição de rotinas dos feridos dá então lugar à tensão, quando o inevitável acontece e os três homens que estão ali sem mulheres passam a cobiçar a do próximo. Cenas fortes.

Toda a encenação acontece em uma pequena plataforma que simula uma casa, o que ocupou cerca de metade do palco da Reitoria, conferindo a sensação de confinamento e tensão. Os figurinos davam a nítida impressão de se estar diante de feridos ensanguentados e gente embrutecida.

O uso do gromelô contribui para repararmos em tudo isso, absorvendo os acontecimentos por outras vias que não a compreensão de palavras. Outro fator importante é o uso da música, seja em ritmos marcados em uma panela, no balbucio de canções ou na dança a partir de som mecânico.

Por outro lado, o caráter sensorial da encenação de Brecht se choca com a brutalidade da ação no palco, com um resultado que afasta mais do que encanta o espectador.

A peça tem mais uma apresentação na noite desta quinta-feira (2).

PROGRAME-SE

Diga Que Você Está de Acordo! – Máquina Fatzer

Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1.299), (41) 3360-5066. Direção de Fran Teixeira. Dia 2 de abril às 21 horas. R$60 e R$30 (meia-entrada). Classificação indicativa: 18 anos.

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