• Carregando...
 | Bruno Tetto/Divulgação
| Foto: Bruno Tetto/Divulgação

Não é de todo incorreto dizer que boa parte da tradição circense se perdeu – não para os artistas, mas para os espectadores, mais acostumados a apresentações avulsas de clowns e espetáculos grandiloquentes, como o Cirque du Soleil. Isso é particularmente atestado pela reação do público na noite de ontem ao assistir à última noite de "Caravana – Memórias de um Picadeiro", da companhia Circo Roda. O show, que não nega suas raízes teatrais, resgata a inocência e a unidade narrativa dos espetáculos circenses, que costura uma história contada pelo palhaço Caturrão com apresentações acrobáticas de tirar o fôlego.

Na história, Caturrão é um palhaço velho, pronto para deixar o circo para sempre quando encontra uma espevitada menina que sonha em ser artista da lona como ele. Então, preparando-se para ir embora, o palhaço começa a contar sua saga, marcada por viagens por todo o Brasil, o que dá a deixa para os acrobatas realizarem danças e números que remetam a região do país contada na história: samba no Rio de Janeiro, frevo em Recife, capoeira em Salvador e uma emocionante apresentação com aros suspensos em Curitiba.

Todas renderam aplausos entusiasmados do público, que acompanhavam vidrados cada manobra arriscada e riam a cada piada da dupla de palhaços, complementada pelo palhaço Catrainha e acompanhada pela cadela marionete Violeta – esta última um sucesso instantâneo entre as crianças presentes, que aproveitaram para comprar versões do boneco na lojinha do Circo Roda no Foyeur do Teatro Positivo.

Interagindo com o público, fazendo rir adultos e crianças e contando uma história que guarda sua boa dose de emoção, a trupe de "Caravana" deixou uma excelente impressão. Na saída, mesmo após as luzes do Teatro Positivo se apagarem, ainda restaram pessoas na porta elogiando o espetáculo. Um rapaz declarava: "Se eu soubesse que ia ser tão bom, teria vindo nos outros dias também", e não estava sozinho em seu comentário. As cadeiras do grande auditório não ficaram completamente tomadas, mas os espectadores que saíram de sua última apresentação do Festival de Teatro animaram-se o suficiente para despreocupar o palhaço Caturrão e não deixarem o circo morrer.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]