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Público em grande animação tomou conta do Largo do Rosário, Setor Histórico de Curitiba, no último domingo | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Público em grande animação tomou conta do Largo do Rosário, Setor Histórico de Curitiba, no último domingo| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Na rua

Confira um pouco da história do Garibaldis e Sacis

Nascimento

Surge em 1998, na casa do artista maranhense Itaércio Lopes Rocha. Participaram desse encontro os artistas Odílio Malheiros, Olga Romero, Simone Magalhães, Márcia Costa, Márcio Abreu e o casal Ari e Iara Cruz.

"Monoelétrico"

Em 1999, o bloco sai às ruas de Curitiba para o aquecimento do carnaval. "Meia dúzia de gatos pingados" encontra-se no Largo da Ordem. O primeiro "monoelétrico" era um carrinho de supermercados.

Anos depois veio o megafone, depois o carro de um amigo. Hoje, a festa é conduzida de uma Kombi com som instalado que sobe as ladeiras do Setor Histórico.

Encontros

Ocorrem nos meses de janeiro e fevereiro, sempre aos domingos, das 15h30 às 21 horas.

  • A Kombi

Curitiba não é famosa por seu carnaval. A população local não teria, segundo alguns, samba no pé, o famoso ziriguidum que ecoa Brasil afora todos os anos, durante a festa de Momo. Mas erra quem crê que foi sempre assim: em 1863, um cronista da cidade, cujo nome se perdeu com o tempo, assim descrevia a folia nestas paragens: "Numerosos bandos de mascarados enchiam as vias públicas de rumor alegre, a pé ou a cavalo, divertindo o poviléu".

Quem passasse, no último domingo, pelo Setor Histórico da capital paranaense poderia até imaginar que a descrição acima não era de tempos remotos e que o carnaval corre no sangue dos curitibanos. Os responsáveis por esse "milagre" são os foliões do Garibaldis e Sacis, bloco pré-carnavalesco fundado em Curitiba, em 1998.

A ideia, no início, era criar um bloco para preparar os foliões para o carnaval. Com esse intuito, o maranhense Itaércio Lopes Rocha, convidou alguns amigos para fazer a festa em sua casa. Um grupo de artistas reuniu-se, então, para dar início ao Gari­­baldis e Sacis, que sairia pelas ruas de Curitiba no ano seguinte, em 1999.

Foi uma surpresa para os curitibanos, segundo Rocha, que diz ter saído às ruas com "meia dúzia de gatos pingados". O primeiro "monoelétrico" era um carrinho de supermercados, conta o artista. Depois, veio um "megafone", seguido pelo carro do amigo Ro­­sinha. Domingo passado, uma Kombi "eletrizada" conduzia os foliões. Embora os números não sejam oficiais, o bloco já chegou a reunir cerca de 5 mil pessoas no Largo da Ordem. Rocha acredita que, no último domingo, havia até mais do que isso.

"O Largo da Ordem foi escolhido porque é um espaço onde é mais fácil de transitar", diz Rocha, um dos fundadores do grupo Mundaréu, que busca na cultura brasileira de raiz inspiração para seus espetáculos, discos e folguedos. O nome do bloco faz menção a dois pontos da região: a As­­so­­ciação Giuseppe Garibaldi e o Bar do Saci. A vizinhança não parece se incomodar, mas há alguns anos um grupo de moradores se reuniu para exigir uma medição do nível de ruído ao qual estavam sendo expostos durante a festa. O próprio horário de encontro do bloco já mudou algumas vezes, para se ajustar aos horários das atividades das igrejas próximas.

Embora o bloco seja "anárquico" e "todo mundo tome conta dele", Rocha diz que a arte popular em geral, bem como os blocos carnavalescos, precisa de um trabalho de preparação do figurino e de produção antes – mesmo quando não parece existir qualquer organização. Os temas das fantasias deste ano foram dos super-heróis até o mais tradicional hábito carnavalesco, o dos invertidos, quando os homens se vestem de mulher e as mulheres de homem.

Olga Romero – a condessa Sacissiana, como é conhecida – diz que que seus figurinos sempre têm um motivo. Embora concorde que haja uma organização por trás da festa, a principal razão de sair no cortejo é a liberdade. "A única palavra que me vem a cabeça é a liberdade", para definir a vontade de brincar o carnaval do grupo. Aos 63 anos, ela diz que não comemora mais o aniversário em casa, com os amigos do grupo, em janeiro. "Agora todos celebramos no Largo", diz.

Rocha não sabe se o pré-carnaval curitibano será um dia como o de cidades mais famosas, como Salvador, por exemplo, até por que isso não depende do grupo. "O carnaval existe enquanto houver folião." Porém, é visível o au­­mento de público a cada ano. Rocha adverte, no entanto, que se for um desejo da cidade, do cidadão, que o pré-carnaval tome proporções maiores, o poder público terá de organizá-lo.

Segundo ele, a diferença entre o carnaval curitibano e o das ou­­tras regiões do país está nas referências. Não se pode comparar a festa daqui com a de Olinda, ou o do Rio de Janeiro, por exemplo, e sim com o próprio carnaval paranaense. Itaércio cita as festas que ocorrem em Antonina e em Paranaguá, todas bem animadas, como referências.

Aos incrédulos resta, por enquanto, aguardar. O pré-carnaval acabou, e agora a festa é com as escolas de samba, na Avenida Cândido de Abeu. Para conferir se tudo é verdade, o futuro folião deverá estar preparado para o ano que vem, com apito e fantasia. Aos que já conhecem a festa do bloco e se divertiram este ano, o aquecimento acabou e a folia está só começando.

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