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“Batalha de São Domingos”, de Suchodolski: episódio da independência do Haiti. | Reprodução
“Batalha de São Domingos”, de Suchodolski: episódio da independência do Haiti.| Foto: Reprodução

Fruto do realismo mágico – escola literária latino-americana do início do século 20 –, O Reino Deste Mundo, do cubano Alejo Carpentier (1904-1980), usa uma perspectiva surpreendente.

Publicado em 1949, o livro remonta a história das sucessivas revoluções escravas que fizeram do Haiti a primeira colônia da América Latina a se tornar independente – isso, num período que vai do fim do século 18 ao início do 19.

Escrito sob o ponto de vista dos “ignorados”, o livro assume viés de denúncia e ironia ao tratar do modo como os franceses e espanhóis comandavam a então colônia de São Domingos. Ao mesmo tempo, ao mergulhar na cultura dos negros levados para este pequeno território do Caribe, cria uma força mística para elevar os escravos à condição de heróis.

Na realidade maravilhosa de Carpentier, está o escravo Mackandal. Abençoado por seus antepassados, ele consegue se converter em qualquer ser vivo, dom que permite confundir e derrotar, num primeiro momento, os colonizadores tiranos.

Assim como no Brasil, a mitologia dos deuses africanos é forte na cultura haitiana. Por isso, a crença religiosa rende muitas passagens na obra do cubano. O poder de Ogum, por exemplo, é a arma dos escravos para vencer as batalhas travadas contra os europeus.

Se o livro te interessar, prepare-se para entrar num mundo fascinante, no qual a crença no invisível é mais forte do que a razão do poder.

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