"Cartola" é a primeira de uma série de cinebiografias

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Uma das imagens de "Cartola", que estréia sexta-feira (6), mostra o compositor (1908-1980) no lugar onde morou, o morro da Mangueira, no Rio de Janeiro, andando pela lama. É um choque ver como um dos maiores gênios da música vivia. O filme é mais uma das cinebiografias previstas para a telona.

- Às vezes, pensamos que os ídolos têm de ser popstar, ter muito dinheiro. Cartola era daquele meio, a música dele era feita ali, para aquelas pessoas. Acho que essa é uma das melhores definições de cultura popular - diz Hilton Lacerda, que dirige o filme em parceria com Lírio Ferreira (de "Árido Movie").

O documentário, que mistura ficção – Cartola, quando criança, é interpretado por Marcos Paulo Simião – e realidade, não é apenas sobre a história do compositor. Com imagens de filmes antigos, conta também o que era o samba naquela época, o que ocorria no Rio (então, a Capital Federal) e no cinema nacional.

Em ordem cronológica, tudo sobre Cartola é contado: o início, o sumiço, o retorno (quando trabalhava de vigia de prédios), a gravação do primeiro disco, aos 66 anos. Foi pouco depois disso que Lírio e Hilton o descobriram.

- Eu era garoto quando ele apareceu. Ele chamava a atenção, com aqueles óculos, aquela nobreza", conta Lírio.

As músicas aparecem na voz de Cartola e de outros cantores, ilustradas por imagens do que acontecia no país.

Também não faltam as histórias de boemia.

- Não houve receio de contar isso, mas algumas discussões sobre como mostrar. Está lá que ele bebeu, freqüentou a zona do mangue (um prostíbulo), mas também que trabalhou a vida toda, foi pedreiro, lavador de carros - explica Lírio.

A única coisa que não há é o motivo do apelido. No filme, conta-se que Angenor de Oliveira sumia da Mangueira no Carnaval porque não agüentava mais responder às perguntas sobre o apelido.

- Deixamos de fora para as pessoas procurarem a informação e descobrirem mais coisas - diz Lírio.