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São Paulo (Folhapress) – De freqüentadores e observadores do renascimento da boêmia Lapa carioca, os jovens integrantes do Casuarina agora despontam no cenário musical como descendentes de uma estirpe conhecida (e consagrada) pelo resgate de sambas antigos.

No álbum de estréia, lançado pela gravadora Biscoito Fino, o grupo reverencia os sambas dos grandes Nelson Cavaquinho, Zé Keti, Nelson Sargento, Ataulfo Alves, Adoniran Barbosa, Wilson Moreira e Nei Lopes, buscando no repertório de cada um deles aquilo que há de menos óbvio.

"Não queríamos regravar sucessos já registrados por intérpretes conhecidos. Tentamos resgatar na obra desses compositores os sambas mais esquecidos", diz o vocalista e percussionista Gabriel Azevedo, 26.

Assim, o disco recupera a bela "Súplica Cearense", de Gordurinha e Nelinho, a desconfiada "Laranja Madura", de Ataulfo Alves, e "Formiga Miúda", de Wilson Moreira. As bem conhecidas, porém, não ficam de fora. Há "Pranto de Poeta", de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, "400 Anos de Favela", de Zé Keti – esta com a participação do cantor e percussionista Pedro Miranda –, o samba-desabafo "Já Fui uma Brasa", do paulista Adoniran Barbosa, e "Swing do Campo Grande", dos Novos Baianos, num dueto com Teresa Cristina, um dos ícones dessa nova geração de sambistas surgida no bairro carioca da Lapa.

Do vasto repertório do paraibano Jackson do Pandeiro, o Casuarina pinçou também o "menos previsível". Em um pot-pourri com nove minutos de duração cantam "Quadro-Negro", "Babá de Cachorro", "Cabo Tenório", "Mundo Cão" e "Rosa".

A ausência de produção própria neste disco é justificada por Azevedo: "Nós optamos neste CD em fazer mais um trabalho de regravação, de resgate de sambas que nós pesquisamos, que costumamos tocar e que tivemos resposta do público.

Quando começamos a produzir este disco, há mais de dois anos, o nosso processo de composição estava no começo, ainda muito cru. Por isso preferimos regravar. Mas, no próximo disco, vamos fazer algo mais autoral pois agora temos muitos sambas nossos prontos".

O início

Foi no curso de música da UniRio que Daniel Montes, 23 anos, João Fernando, 25, João Cavalcanti, 25 (filho de Lenine), Rafael Freire, 25, e Azevedo se encontraram e decidiram montar, "de maneira despretensiosa", o Casuarina, em 2001. "Depois as coisas começaram a acontecer, e vimos que estava dando caldo. Tocamos dois anos e meio numa casa da Lapa chamada Dama da Noite – a primeira que nos deu uma chance. Foi uma grande escola. Começamos a ter contato com a galera mais antiga, do samba da velha-guarda", lembra Azevedo. "A Lapa tem sido um lugar legal exatamente por dar oportunidade para os músicos novos, de trabalho e de criar um elo com os bambas."

E como é o contato da jovem com a velha-guarda? "Tem gente que pergunta se nós sofremos preconceito. Preconceito nós não sentimos, mas como eles já vivem de samba há muito tempo, estão meio escaldados. Têm o pé atrás, porque sabem que há épocas de valorização do samba e outras não. Mas o contato que conseguimos é importante. É de malandro para malandro."

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