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Pélico em show no Teatro Paiol, em julho: paulista fazia cover de Iron Maiden e hoje canta brega pop | Bruno Stock/ Divulgação
Pélico em show no Teatro Paiol, em julho: paulista fazia cover de Iron Maiden e hoje canta brega pop| Foto: Bruno Stock/ Divulgação

Poderia ser assunto para a antroponímia – o Google me contou que este é o nome da ciência que estuda o nome das pessoas. Porque não são mais Caetanos, Gilbertos e Robertos. Agora são outros nomes, sugestivos e estranhozinhos, que formam toda uma nova e boa geração de músicos brasileiros. E, em certa medida, este apanhado de alcunhas improváveis responde por parte da renovação da MPB.

Por ordem alfabética, eles se enfileiram assim: Cícero, Pélico, Tibério e Wado. Cícero fez dois shows no Teatro do Paiol, em Curitiba, na última quinta-feira (4). Dois porque os ingressos para o primeiro acabaram em 24 horas. O carioca de 26 anos, brincalhão, é formado em Direito e fez sucesso na internet com seu primeiro disco solo, Canções de Apartamento, que venceu o Prêmio Multishow na categoria "Disco Mais Compartilhado" – agora tem dessas. Suas músicas lembram as da carreira de Marcelo Camelo pós-Mallu Magalhães. "Há uma cultura de que o que é bom precisa ser novo. Eu concordo, mas o que é novo não precisa ser necessariamente inédito", ele me disse.

Já Pélico, adivinhe, tocou no mesmo Paiol, em julho. Que Isso Fique entre Nós, segundo disco do paulista, deixou de lado as guitarras e se aproximou do samba-rock. "Frequento muitos shows aqui em São Paulo e um dia falei para o meu produtor: ‘tô meio cansado dessas guitarras barulhentas. Pô, já são dez anos de influência ‘strokiana’, chega", me disse ele, à época. Ah, Pélico se gaba de ter participado do último disco do gênio maluco chamado Tom Zé.

Tibério, na verdade Tibério Azul, é um cabra de Recife com cara de VJ da MTV. Tem 32 anos e se tornou conhecido depois de lançar o álbum Bandarra, figurinha carimbada em diversas listas de "Melhores de 2011". "A partir do momento em que me propus a fazer o álbum, passei a convidar muita gente [no disco há participações de Lula Queiroga e China]. Já me disseram: ‘seu maior talento é agregar’", me contou ele, esbaforido depois de um show no festival Rec-Beat, na capital do mangue, no carnaval deste ano. Tibério Azul toca em Curitiba ao lado da Banda Mais Bonita, no dia 20 deste mês.

Wado (não confundir com Wando), 34 anos, lançou um discaço também em 2011. Samba 808 traz canções que misturam a cadência gostosa do samba ao indie eletrônico, tudo com um ar tropicalista encantador. "Com a Ponta dos Dedos" – que conta com participação de Marcelo Camelo – foi eleita a melhor música do ano no Prêmio VMB 2012. "Ela é uma canção de amor que trabalha muito em frequências do subconsciente", filosou o músico, em entrevista no fim do ano passado. Destaque também para as outras participações no disco: Zeca Baleiro, Chico César, Curumin, André Abujamra...

Tudo isso e mais um pouco coloca os comparsas no mesmo balaio: são músicos relativamente jovens, de classe média, que se utilizam da internet para divulgar seus trabalhos, criam suas canções apolíticas sempre com parceiros e amigos, e encontram sua base musical fundamental em Los Hermanos. É um aceno da nossa nova música, da primeira geração criativa que se identifica entre si e se configura como possível movimento. Nem que para isso tenha que acordar até a tal da antroponímia.

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