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Brasileiro diretor de Central do Brasil (1998), vencedor do Urso de Ouro, rodou imagens no norte da China, onde JIa Zhanke nasceu e realizou seus primeiros longas-metragens | Divulgação
Brasileiro diretor de Central do Brasil (1998), vencedor do Urso de Ouro, rodou imagens no norte da China, onde JIa Zhanke nasceu e realizou seus primeiros longas-metragens| Foto: Divulgação

Wim Wenders trata de culpa e perdão em novo filme

Outro destaque foi o aclamado Wim Wenders, diretor de sucessos como Paris, Texas (1984) e Buena Vista Social Club (1999). Seu novo filme, Every Thing Will Be Fine, foi selecionado para a mostra oficial, fora de competição.

Protagonizado por James Franco, Rachel MacAdams e Charlotte Gaingsbourg, Every Thing Will Be Fine segue Tomas (Franco), um escritor que passa mais de uma década de sua vida perseguido pelas consequências de um acidente que ele involuntariamente provocou no passado.

A trama discorre sobre o sentimento de culpa, a busca do perdão e o fato de que o tempo não é o maior remédio, mas sim o perdão.

O diretor alemão é o grande homenageado nesta edição com o Urso Honorário, prêmio pelo conjunto da obra. Além de Every Thing Will be Fine, estão programadas sessões com outros filmes de sua longa carreira.

Em entrevista na coletiva de imprensa para jornalistas, Wenders disse que seu filme traz uma história intimista e que levou um longo tempo para realizá-lo.

"Apenas no processo de montagem, levamos um ano e meio e não foi uma decisão inteiramente voluntária. Fazer uma ficção está ficando cada vez mais complexo", disse complementando que é preciso dispor de um tempo muito maior do que cerca de 50 anos atrás, quando ele começou a fazer cinema.

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Jia Zhangke, um Homem de Fenyang, de Walter Salles, selecionado para a Panorama Documenta na 65ª edição do Festival de Berlim, foi mostrado na última terça-feira numa sessão totalmente lotada. Desde a véspera, os ingressos já estavam esgotados.

O documentário é o resultado de filmagens realizadas no norte da China , onde Jia Zhangke nasceu e realizou seus primeiros longas-metragens. O filme retrata a vida e o processo criativo do cineasta, e é centrado na estreita relação entre memória e cinema.

No filme, o próprio Zhangke convida a equipe de Um Homem de Fenyang a conhecer a sua história, suas fontes de inspiração e os personagens de seus filmes. Ele retorna aos locais onde viveu e rodou Xiao Wu, Plataforma, O Mundo, 24 City, Em Busca da Vida e Um Toque de Pecado.

A Gazeta do Povo participou de uma minicoletiva que Salles concedeu a um grupo de cinco jornalistas brasileiros. Salles lembrou que foi justamente há 17 anos, na própria Berlinale , que ele teve contato com a obra de Zhangke.

"O primeiro filme de Jia, Xiao Wu, estreou em Berlim em 1998, mesmo ano em que Central do Brasil competiu no Festival e ganhou o Urso de Ouro. Cada novo filme dele reforça a sensação de que ele se tornou o cineasta chinês que melhor traduz o nosso tempo. É dessa percepção que surge Um Homem de Fenyang", disse Salles, que desde o primeiro momento ficou impactado pela obra do diretor.

"Fiquei extremamente sensibilizado pela maneira como as lembranças pessoais dele se transformam em memória coletiva. Em Busca da Vida, por exemplo, é um marco do cinema. Ele propõe um reflexo do tempo no qual ele está vivendo. Jia registra alguma coisa que está em mutação naquele momento. O tempo se torna um personagem do filme", destacou Salles contando que a ideia do documentário aconteceu na Mostra de São Paulo em 2007.

"O projeto inicial data daí, mas nós só filmamos no período de 2013 a 2014. Quando a gente conversou, eu disse que gostaria de trabalhar a memória do cinema dele em camadas diversas. Mas na medida em que a gente foi filmando, ele acrescentou outras coisas como a relação com o pai, ou seja, a memória também afetiva", contou o diretor, que não encontrou dificuldades em Fenyang para fazer o filme.

"Quando a gente faz um documentário, somos constantemente confrontados com o inesperado, mas Jia abraçou o filme de tal forma que tornou tudo mais fácil", afirmou Salles, expressando o sentimento do que mudou após ele ter realizado o filme.

"Foi uma experiência marcante não apenas para mim, mas para toda a equipe. Acho que o filme caracteriza tanto o diretor quanto a obra que ele construiu" concluiu, ressaltando que a extrema sensibilidade e também a simplicidade de Zhangke foram fundamentais para a sintonia que foi criada nas filmagens.

"Como diz o próprio Jia – nós não somos estrangeiros, nós participamos do mesmo mundo que é o mundo do cinema – assim estar de volta a Berlim com um documentário sobre ele é uma honra", resumiu o diretor brasileiro que está aqui participando também do importante programa Berlinale Talents.

Jia Zhangke, um Homem de Fenyang, já tem convites para vários festivais, entre outros, Istanbul e Guadalajara e previsão de estreia no Brasil no final de abril.

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