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Os dramas dominam as estréias nos cinemas de Curitiba nesta sexta-feira (24). Filmes que contam histórias não-fictícias surgem como ótimas opções para os curitibanos que permanecerem na cidade durante o feriado de carnaval. Para quem quiser curtir um bom filme, além do drama, o romance e o suspense apresentam-se como outras sugestões.

Rodado em apenas 36 dias e candidato a cinco Oscars, "Capote" é o último dos fortes concorrentes ao maior prêmio da Academia a estrear na capital paranaense. Pelo menos uma das estatuetas o filme certamente deverá levar: a de melhor ator para Philip Seymour Hoffman. Pelo menos é o que a mídia especializada espera. Isto porque o ator simplesmente encarnou a sua própria imagem e semelhança o escritor norte-americano Truman Streckfus Persons (1924–1984), conhecido como Truman Capote, sobrenome que "pegou emprestado" do padrasto. Hoffman perdeu 18 quilos para interpretar o excêntrico, alcoólatra e pouco confiável jornalista. O longa de Bennett Miller se passa no ano de 1959, quando uma família inteira, os Clutter, é assassinada em uma fazenda na cidade de Holcomb, estado do Kansas. Ao ler a curta nota no New York Times, o jornalista e escritor tem a chance de comprovar uma teoria própria: Capote acredita que, nas mãos do escritor certo, histórias de não-ficção podem ser tão emocionantes quanto as de ficção.

Respaldado pela revista The New Yorker, uma das mais respeitadas publicações dos Estados Unidos, o repórter viaja para a cidadezinha de Holcomb e tem início, assim, a reportagem que resultaria na sua mais bem-sucedida publicação: o livro "A Sangue Frio", um dos marcos do "New Journalism". Este livro colocou Capote no mesmo patamar de importância de nomes como Tom Wolff e Norman Mailer. Entre os méritos do filme está o fato de que não existe a preocupação em transformar o venenoso, egoísta e autocentrado Capote em uma "pessoa boa", ou em um "gênio incompreendido". Após a polícia capturar os assassinos da família Clutter, o jornalista consegue firmar um vínculo de cumplicidade com os bandidos, até mesmo impedindo que a sentença para que fossem executados fosse cumprida durante alguns anos. E é este vínculo e as entrevistas resultantes dessa suposta "amizade" entre Capote e os assassinos Perry Smith e Richard Hickock que tornam Truman um dos mais renomados escritores e jornalistas do século 20.

Para quem ainda chora a não indicação ao Oscar de "Dois Filhos de Francisco", um dos indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro da premiação deste ano mostra que a disputa está acima da média alcançada pelo longa de Zezé Di Camargo e Luciano. "Paradise Now" vem para Curitiba com algumas premiações de renome no bolso. Ganhador do Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e do European Film Awards de Melhor Roteiro, a produção palestina aborda a tênue linha que separa fanatismo religioso, idealismo político e instabilidade emocional e ainda tem a coragem de abordar um tema explosivo nos conturbados tempos atuais: como se "fabricam" os homens-bombas.

Na trama, dois amigos de infância, Kahled e Said, são recrutados por uma pequena célula terrorista incrustada em Nablus, localidade da Cisjordânia, para um atentado suicida em Tel Aviv. O clima de suspense que toma conta da fita durante a sua projeção desperta um forte interesse do telespectador, que não sabe o que esperar da cena a seguir. Em meio a paranóia causada pela morte sentenciada, os dois amigos passam com as suas famílias o que seria, teoricamente, a última noite de suas vidas. Cabe a Khaled e Said, agora separados por problemas na ação terrorista, enfrentar seus destinos e defender suas convicções. A tênue linha entre a forte "politicagem" do filme e de uma possível "humanização" dos terroristas torna o longa ainda mais atraente, pois a ousadia do diretor Hany Abu-Assad rende frutos, com um surpreendente desfecho.

Outra produção desbravadora é "Terra Fria". A fita, estrelada por Charlize Theron (de "Monster" e "Advogado do Diabo") conta a história de Josey Aimes, uma mulher que volta a sua cidade natal, no Minnesota, após um casamento fracassado. Ela é agora mãe solteira de duas crianças e tem que buscar uma forma de sustento o mais rápido possível. Sem muitas opções, ela aceita trabalhar na principal fonte de empregos da região: as minas de ferro, que sustentam a cidade há gerações. Entre o trabalho duro e às vezes perigoso, ela conquista amizades no trabalho, que passam a fazer parte do seu dia-a-dia. Mesmo preparada para o trabalho duro e para o preconceito da comunidade local, ela se depara com o assédio que sofre por parte dos seus colegas de trabalho. Vivendo em um cidade pequena, suas reclamações são ignoradas, e agora Josey busca a justiça da pequena cidade. É ai que os ânimos se acirram e o enredo ganha requintes de drama. Uma boa sugestão para quem gosta de filmes maniqueístas, nos quais o "bem" sempre vence o "mal".

Um pouco mais movimentado é "Fora de Rumo", filme do diretor sueco Mikael Hafström orçado em US$ 22 milhões. Em sua primeira empreitada em Hollywood, Hafström leva a cabo uma produção que mistura romance e suspense. A fita contar a história de Lucinda (Jennifer Aniston) e Charles (Clive Owen), que flertam em um metrô de Chicago e acabam indo para um motel. O problema é que os dois são casados e seu romance é descoberto por um bandido, que passa a chantageá-los. Agora os dois devem buscar juntos uma saída para salvar seus casamentos e também suas próprias vidas. O principal destaque do filme está fora das telonas. Jennifer Aniston está em um bom momento na carreira no cinema, confirmando que era a integrante do extinto seriado "Friends" com mais condições de manter uma carreira sólida no cinema.

Marcando o retorno de Al Pacino às telonas, "O Mercador de Veneza" é mais um filme baseado na obra de William Shakespeare. A história se passa em Veneza durante o século 16, onde Bassanio empresta três mil ducados do amigo Antonio. O objetivo de tamanha dívida é cortejar Portia, filha e herdeira de um homem rico e poderoso. Antonio também é um homem de posses, mas todo o seu dinheiro está comprometido em empreendimentos no exterior, mais precisamente na Ásia. Desta forma, ele é obrigado a recorrer ao judeu Shylock, que aguardava a muito tempo a oportunidade de se vingar de Antonio. O judeu empresta o dinheiro, sob a condição de que se Antonio não conseguir devolver os recursos em três meses, Shylock terá direito a um pedaço da própria carne do mercador. A notícia de que seus navios naufragaram deixa Antonio em uma situação complicada, com o caso sendo levado à corte para que se defina se a condição será mesmo executada. Dirigido por Michael Radford (de "O Carteiro e o Poeta"), o longa destaca-se pela reconstituição de época, retratando figurinos e cenários do período retratado, além das atuações de Al Pacino e Jeremy Irons.

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