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Reichenbach: morte do cineasta abalou a classe artística | Ana Rojas/Folhapress
Reichenbach: morte do cineasta abalou a classe artística| Foto: Ana Rojas/Folhapress

Capaz de trafegar do brega ao erudito, unindo em seus longas-metragens referências que vão do neorrealismo de Roberto Rossellini à linguagem pop de seriados como CSI, o cineasta Carlos Oscar Reichenbach Filho, morto na última quinta-feira, de parada cardíaca, no dia em que completou 67 anos, dirigiu 22 produções entre Esta Rua Tão Augusta (1966) e Falsa Loura (2007).

Ator em cerca de 20 filmes, Reichenbach estreou como diretor nos longas em 1968, assinando um dos episódios de As Libertinas: "Alice". Com 1977, seu A Ilha dos Prazeres Proibidos, uma produção com reflexões estéticas e políticas das mais sofisticadas, atraiu seis milhões de pagantes em toda a América Latina (1,9 milhão só no Brasil). O filme configurou-se como um dos maiores sucessos da Boca do Lixo, região paulistana que ao longo das décadas de 1970 produziu uma safra de sucessos de bilheteria, a maioria regados a sexo, com destaque para a pornochanchada.

Ao longo dos anos 1980, quando a Boca começava a dar sinais de desgaste, Reichanbach levou suas reflexões estéticas ao auge com Filme Demência (1985), uma adaptação de Fausto, considerada sua obra-prima. Na década seguinte, em 1993, com a produção cinematográfica nacional paralisada pelo fim da Embrafilme, ele emplacou outro cult: Alma Corsária. "Carlão era um cara que circulava pelos festivais brasileiros sempre vibrante. É uma perda imensa para a nossa cultura", diz o ator José de Abreu, que trabalhou com Reichenbach em Anjos do Arrabalde (As Professoras), eleito melhor filme no Festival de Gramado de 1977. Sua protagonista, Betty Faria, que trabalhou com Reichenbach ainda em Bens Confiscados (2005), lembra do cineasta como um mestre. "Carlão era um cinéfilo, que conhecia tudo e dava aulas para a gente", diz Betty.

Jovens atores que trabalharam em Falsa Loura, como Cauã Reymond, lembram que Reichenbach filmava pregando a liberdade: "Ele dava espaço para a gente criar, ao mesmo tempo que sabia exatamente o que queria do filme. Era um cara extremamente culto e, ao mesmo tempo, muito simples", diz Cauã.

Pai de Eleonor, Carlos Leonel e Luiz Ronaldo, o diretor deixou um roteiro inacabado: O Anjo Desarticulado. Velado durante a madrugada de quinta-feira no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, o corpo do cineasta foi enterrado na tarde de ontem, no Cemitério Redentor, em Pinheiros.

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