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Gabriela Duarte em “Ninguém Ama Ninguém” | Divulgação
Gabriela Duarte em “Ninguém Ama Ninguém”| Foto: Divulgação

Que Nelson Rodrigues (1912-1980) foi um grande escritor não se discute. Excelente dramaturgo e cronista sagaz, formou em suas obras um pensamento em que a provocação e o confronto são constantes.

Muitas delas foram adaptadas para o cinema, mas poucas com ótimos resultados: “Boca de Ouro” (de Nelson Pereira dos Santos, 1962), “A Falecida” (de Leon Hirszman, 1965) e “Toda Nudez Será Castigada” (de Arnaldo Jabor, 1973).

São histórias de amor e traição, assassinatos passionais, todo um arsenal do desespero amoroso; de preferência, do homem suburbano.

O que nos leva à pergunta: como seria uma adaptação de Nelson nestes tempos em que tudo pode ser ofensivo, mas nada mais parece chocar?

“Ninguém Ama Ninguém (Por Mais de Dois Anos)”, dirigido por Clovis Mello e produzido por Nelson Rodrigues Filho, é a resposta. Trata-se da adaptação de cinco contos da série “A Vida como Ela É...” publicados entre 1951 e 1956.

Confira no Guia onde assistir ao filme

Contos

Cinco casais no Rio de Janeiro dos anos 1950 enfrentam problemas de um “comichão dos dois anos”, para homenagearmos Billy Wilder (o nome original de “O Pecado Mora ao Lado”, “The Seven Year Itch”, pode ser traduzido como “comichão dos sete anos”).

Temos a moça fogosa que pretende ter um caso fora do casamento; a mulher (Gabriela Duarte) que é apaixonada pelo melhor amigo (Michel Melamed) do marido (Pedro Brício); o gerente de um bar que acredita na pureza de sua mulher moribunda.

Desinteresse

O potencial explosivo dos contos nem sempre encontra sua melhor tradução.

O melhor é o da moça fogosa, muito pela interpretação apaixonada de Branca Messina.

O casamento de um homem (Marcelo Faria) e uma jovem tirana (Julianne Trevisol) poderia render mais. Mas a cena de sexo com a empregada é muito publicitária, e a revelação chocante não tem a força que deveria ter.

A pior história é a do homem que vende a mulher para pagar as contas.

O desfecho salva (apesar do mérito ser mais de Nelson), mas sempre que o casal aparece na estrutura fragmentada o desinteresse parece tomar conta de nós.

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