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Jessica Chastain interpreta lobista poderosa que defende restrição ao uso de armas de fogo. | Kerry Hayes/Divulgação
Jessica Chastain interpreta lobista poderosa que defende restrição ao uso de armas de fogo.| Foto: Kerry Hayes/Divulgação

No Brasil, as expressões lobby e lobista estão geralmente associadas a denúncias de corrupção. Não que a atividade de advogar interesses de um grupo junto ao Estado seja ilegal, mas como no país não existe regulamentação, não raro ela é feita por vias irregulares. Nos Estados Unidos é diferente. A ação dos lobistas não apenas é regulamentada como é desempenhada por grandes empresas especializadas, que movimentam bilhões de dólares. O que nem sempre evita que ela descambe para a corrupção, como procura mostrar o filme “Armas na Mesa”, que chega aos cinemas brasileiros nesta semana.

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Dirigido pelo britânico John Madden (do vencedor do Oscar “Shakespeare Apaixonado”), “Armas na Mesa” é, talvez, a primeira grande produção que tem lobistas como personagens principais. A personagem central é Elizabeth Sloane, uma mulher fria, imponente e altamente engenhosa, como exige a profissão. Um desempenho vigoroso de Jessica Chastain, indicada ao Globo de Ouro, mas que acabou sendo esnobada pelo Oscar.

Em entrevista ao Washington Post, a atriz contou que, para se preparar, acompanhou e entrevistou 11 mulheres lobistas que atuam junto ao Congresso americano. “Fiz muita pesquisa antes de ir para o set, antes de dizer cada palavra. Sou intuitiva, mas também crio muita história de fundo. Estudei o roteiro como uma detetive”, contou Jessica.

No início do filme, Elizabeth aparece em uma audiência no Senado, onde responde a questionamentos sobre sua atividade. Sinal de que alguma coisa deu errado. A narrativa retrocede então ao início, quando ela recusa uma proposta para liderar o lobby contra uma emenda que restringe o comércio de armas de fogo. E vai além: aceita o convite de uma empresa concorrente para comandar a equipe de lobistas em favor da proposta.

Artimanhas

“Armas na Mesa” acompanha então a disputa entre os dois grupos, com suas artimanhas e práticas, algumas mais, outras bem menos ortodoxas. A legislação americana impõe uma série de exigências para a atividade do lobby, como a declaração trimestral dos valores aplicados. Mas, assim como no Brasil, os americanos também têm seu “jeitinho” e o filme investe nisso. Espionagem, chantagem e exploração fazem parte do jogo sujo, claro que ao estilo hollywoodiano, com seus exageros habituais.

Segundo uma reportagem da BBC, o lobby é exercido nos EUA por mais de 12 mil pessoas e movimenta mais de US$ 3 bilhões por ano. O setor armamentista é um dos mais poderosos, com investimentos na casa dos US$ 6 milhões anuais. O diretor John Madden garantiu ao Washington Post que não quis tomar partido. “Não é meu papel ficar dizendo, como alguém de fora, o que as pessoas nos Estados Unidos devem fazer”, disse.

“Armas na Mesa” deixa evidente, porém, o lado que escolhe ao dividir os personagens entre heróis e vilões. Principalmente no final rocambolesco e “surpreendente”. Poderia ser mais um grande filme a revirar os podres da política americana. No entanto, seu maniqueísmo deixa a ideia no meio do caminho.

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