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Cena de “Neruda”, filme que passa perto de ser um desastre. | Divulgação
Cena de “Neruda”, filme que passa perto de ser um desastre.| Foto: Divulgação

Vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1971, Pablo Neruda (1904-1973) foi eleito senador da República do Chile em 1948, quando Gonzáles Videla assumiu a presidência.

Não demorou muito até que o poeta, chefe da campanha política do ex-aliado e democrata convicto, se posicionasse contra os atos autoritários do governo – simbolicamente representados pelo campo de prisioneiros políticos de Pisagua, o primeiro da história do Chile.

O país, não por acaso, viveria a ditadura de Augusto Pinochet entre 1973 -1990 – o ótimo filme “No” (2012) conta bem os últimos anos dessa era.

Contrário ao governo, Neruda passou a ser perseguido e atravessou a Cordilheira dos Andes (a cavalo!), seguindo em direção ao sul da Argentina. É neste período que escreve “Canto Geral” (1950), uma de suas obras mais importantes.

“Neruda”

Filme estreia nesta quinta-feira (9) no Espaço Itaú, do Shopping Crystal, com três sessões: 13h20, 19h30 e 21h30.

A história é boa, mas “Neruda”, filme de ficção de Manuel Basoalto que retrata o período e estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas, passa perto do desastre e é difícil de ser levado a sério. O tom é de novela mexicana, com atores duvidosos atuando em cenas tecnicamente limitadíssimas – talvez o orçamento não tenha ajudado, mas só um granulado na imagem não basta para tornar a década de 1940 verossímil.

A montagem também é um vareio de cortes picotados, com inserções deliberadas de cenas que remetem à infância e à adolescência do escritor – Neruda passou parte da vida na região sul do continente, entre Chile e Argentina.

O que se salva de “Neruda” são as deslumbrantes imagens de Valparaíso – uma das três residências do poeta ficava na cidade e hoje é um museu – e dos Andes, além de uma discussão secundária, já perto do fim do filme. Política e poesia se dão? O escritor Affonso Romano de Sant’Anna diz que a política é capaz de trair a literatura, mas não o contrário. Para Neruda, parece que elas são a mesmíssima coisa.

Esse é o segundo filme ficcional sobre Pablo Neruda. O primeiro foi “O Carteiro e o Poeta” (1994), de Michael Radford. Fundador da revista de crítica cinematográfica “Enfoque” e diretor do documentário “Os Cartoneros” (1989), vencedor do prêmio jornalístico Emissão, Manoel Basoalto já havia visitado o tema em “Neruda, a Morte de um Poeta” (2003), filme de não ficção. Nesse último, fez água.

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