“Life” revela a face menos rebelde e mais angustiada de James Dean

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Bastaram três filmes para que James Dean se tornasse não apenas um astro do cinema, mas um ícone da cultura pop. Morto aos 24 anos de idade em um acidente automobilístico, deixou como legado não apenas seus filmes, mas uma imagem e uma postura que influenciou desde atores como Warren Beatty e Al Pacino a rockstars como Elvis Presley e John Lennon. Como diria o senso comum, uma trajetória digna de virar filme.

Até virou, em 2001. James Franco chegou a ganhar um Globo de Ouro por sua interpretação do ator em “James Dean”, filme para a televisão dirigido por Mark Rydell. No cinema, a estreia acontece somente agora, 61 anos depois de sua morte, em 1955. Porém, não espere de “Life – Um Retrato de James Dean” uma biografia. O título em português é feliz ao usar a palavra “retrato”, explorando um recorte da vida do astro.

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No filme dirigido por Anton Corbijn (que retratou outro astro morto precocemente, Ian Curtis em “Control”), James Dean é quase um coadjuvante. O protagonista é o fotógrafo Dennis Stock (Robert Pattinson), que teve uma curta, porém, intensa convivência com o ator no início da carreira. Os dois se conheceram durante o lançamento de “Vidas Amargas”, primeiro filme de Dean. À época, ele já estava negociando o papel em “Juventude Transviada”, pelo qual se tornou a celebridade que é até os dias atuais.

O ator é vivido por Dane DeHaan, cujo papel mais conhecido foi o do vilão Duende Verde em “O Espetacular Homem Aranha 2”. Com uma interpretação afetada, ele retrata Dean como uma pessoa difícil, em muitos momentos indecisa entre a reclusão e a fama. Apesar disso, Dennis viu ali um astro em potencial e insistiu até as últimas consequências para realizar um ensaio fotográfico para a revista Life, o qual acabou se tornando icônico.

Da vida de James Dean o filme revela principalmente o apego à família, a pressão dos estúdios Warner e as dificuldades em assumir uma persona. Uma imagem um tanto diferente do rebelde sem causa eternizado com seu topete e jaqueta vermelha, que revolucionou o cinema da época justamente por ir na contramão do padrão vigente até então. Enquanto Clark Gable, John Wayne ou Kirk Douglas se impunham de forma altiva e máscula, Dean criou o galã com pose adolescente e blasé.

Cinco meses depois de realizar o ensaio fotográfico apresentado em “Life”, veio a morte trágica. O astro deixou um último filme, “Assim Caminha a Humanidade”, pelo qual foi indicado ao Oscar de ator coadjuvante. Foi a primeira indicação póstuma da Academia de Artes de Hollywood. Ray Connolly, que em 1975 dirigiu o documentário “James Dean: The First American Teenager”, definiu o legado do ator: “ele é lembrado como um garoto propaganda temperamental, mas era um ator extraordinário”.