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 | Marco Anelli/Divulgação
| Foto: Marco Anelli/Divulgação

A passagem da artista plástica Marina Abramovic pela região de Curitiba, como destino final de uma peregrinação espiritual pelo país é o momento chave do documentário “Espaço Além – Marina Abramovic e o Brasil”, que estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas brasileiros.

Foi a partir de um encontro com os terapeutas Ruda Iandé e Denise Maia no Centro de Estudos Ancestrais Raízes de Dan, no município de Campo Magro, em 2012, que a artista decidiu fazer uma viagem pelo Brasil no final daquele ano e início de 2013.

Marina saiu a busca de cura para problemas pessoais e emocionais em expressões de “espiritualidade extrema” no Brasil – como a casa do médium João de Deus em Abadânia, em Goiás, ou o Vale do Amanhecer, comunidade espiritual em Planaltina (DF).

A viagem também passou por Bahia, Minas Gerais, São Paulo, e termina em Curitiba. Neste périplo, ela acompanhou cirurgias espirituais, cerimônias xamanísticas e visitou igrejas e terreiros de candomblé.

Filme

Este processo virou um documentário dirigido pelo documentarista Marco Del Fiore, curitibano radicado em São Paulo que explora os limites entre o ritual religioso e a performance artística.

No segundo encontro com os “xamãs” curitibanos, Marina concluiu sua busca após se submeter a novas sessão tratamentos com Denise e Rudá como banho de cachoeira, fogueiras cerimoniais, banhos de ervas, de lama e outros rituais.

Perfil

Marina Abramovic nasceu em Belgrado, na ex-Iugoslávia, em 1946. É uma das pioneiras no uso da performance como uma forma de arte visual. Seus primeiros trabalham de repercussão mundial surgiram na série “Rhythm”, em 1972, e incluíam mutilação com facas, uso de drogas controladas e se colocar à disposição das pessoas como um objeto.

Em 2010, produziu um dos seus trabalhos mais comentados: “The Artist is Present” (A artista está presente), no MoMA, de Nova York. Sentada em uma cadeira, ela encarava o visitante à sua frente pelo tempo que desejasse, sem trocar palavras.

Ele conta que o que aparece no filme é “o aspecto externo de um ritual muito interno, um trabalho de reconexão com a feminilidade e com a natureza através dos seus elementos”.

Rudá revela que preferiu não usar Ayahauska, chá ritual amazônico alucinógeno, ainda que a artista insistisse. “Não era o momento. Sou muito responsável com uso”.

Santo Daime

Marina se iniciou para valer na bebida, também conhecida como Santo Daime, em cerimônia na Chapada Diamantina que rendeu a cena mais impressionante do filme. Após tomar dose dupla da bebida a artista tem uma “peia”, uma experiência extrema toda registrada pela lente de Del Fiore.

Filme explora relação entre arte e religião

Beleza plástica das cenas da artista viajando pelo Brasil são performances à parte

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“Quando ela tomou a segunda dose, começou a passar muito mal. É uma bebida que tem uma inteligência. Ela agiu de forma equivocada, usando o chá para matar uma curiosidade”.

Quando ela tomou a segunda dose, começou a passar muito mal. É uma bebida que tem uma inteligência. Ela agiu de forma equivocada, usando o chá para matar uma curiosidade

O diretor, que estava sóbrio, disse que ficou assustado, mas foi tranquilizado pelos xamãs de que não haveria riscos maiores. “Eu gravei escondido. No outro dia, contei a ela, que disse que não queria ver. Depois, ela me agradeceu por tê-la desobedecido”, disse.

Avó e criança

Rudá disse o processo pelo qual Marina Abramovic passou mostra que “mesmo uma artista poderosa é vulnerável a experiências emocionais como todo mundo”. Do convívio com a artista, o terapeuta perfila uma “pessoa generosa e humana com dois extremos”.

“Ao mesmo tempo em que ela tem uma sabedoria anciã e faz a gente ter vontade de sentar no colo de uma avó para ouvir histórias de lugares remotos, ela é uma criança cheia de vida e criatividade e com um bom humor tremendo. Não por acaso é uma artista do nível que ela é.”

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