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Esquadrão Suicida: qualidade do elenco não compensou a experiência. | WB/Divulação
Esquadrão Suicida: qualidade do elenco não compensou a experiência.| Foto: WB/Divulação

Um ano com tantas crises, catástrofes e uma sensação generalizada de ressaca não poderia terminar com um saldo diferente no cinema. Promessas que se tornaram fiascos, decisões mal tomadas e apostas que simplesmente se revelaram erradas fizeram de 2016 um ano com uma grande coleção de micos nas telonas.

O fracasso, claro, é uma qualidade bastante relativa. Baixa bilheteria ou excesso de críticas negativas nem sempre significam a má qualidade de uma obra. Às vezes o problema pode estar com o público, com a crítica ou até com um momento inadequado para lançamento. De qualquer modo, isso não nos exime de listarmos os maiores micos do cinema de 2016:

Batman vs. Superman: A Origem da Justiça

Se há uma palavra que ultimamente ronda toda resenha de filme com super-heróis é “exaustão”. O cinema de herói dos anos 2010, afinal, é um cinema de excessos (pense em Os Vingadores). E aí todo o gênero parece sofrer com esse fantasma. Batman vs. Superman talvez seja o melhor exemplo de como os filmes de herói estão cansando as plateias. Imagine o frisson que seria se, há coisa de 10 anos, fosse lançado um filme juntando Batman e Super-Homem, as maiores estrelas da DC Comics. Animador, certo? Mas, desde 2005, tivemos toda a trilogia de Batman dirigida por Christopher Nolan, o Homem de Aço de Henry Cavill e, claro, Superman: O Retorno, “aquele do tiro no olho”. E quando todos pensavam que o pior de Batman vs. Superman seria Ben Affleck vestido de robô-Batman, ledo engano: Affleck entrega uma interpretação bastante decente do Morcego. O problema fica com o Super-Homem abobalhado de Cavill, o Lex Luthor aparvalhado de Jesse Eisenberg e um roteiro que não faz justiça alguma à importância do encontro dos personagens. Basta dizer que (atenção, SPOILER!) o conflito entre os dois se resolve porque a mãe de ambos tem o mesmo nome. Pois é.

Esquadrão Suicida

Ainda dentro do gênero heróis e o perigo da exaustão, tivemos o maior hype do ano com Esquadrão Suicida, a gangue de “vilões-do-bem” da DC. Este era o filme que nos entregaria o Coringa dos anos 2010, vivido por Jared Leto, e uma chuva de referências pop para millennial nenhum ter do que reclamar, conforme prometia aquele trailer com a trilha de “Bohemian Rhapsody”, do Queen. Até que o filme estreou e o resultado foi bastante decepcionante (a menos que você seja um fã ardoroso da DC). Se há algum consenso na saraivada de críticas recebidas pelo filme é que, apesar do elenco talentoso e do senso de humor, ele não salva a trama confusa, os personagens frágeis e a direção descuidada de David Ayer.

A polêmica da escolha do representante brasileiro no Oscar

Quando tudo parecia rumar para uma escolha natural de Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, como representante brasileiro no Oscar, a comissão instituída pelo Ministério da Cultura apontou Pequeno Segredo, de David Schurmann, como o indicado pelo Brasil a disputar o prêmio da Academia. A escolha, por si, não seria tão controversa se não houvesse um componente político importante que permeou a decisão: A equipe de Aquarius protagonizou, em maio, um grande protesto anti-impeachment durante a exibição do filme no Festival de Cannes. À repercussão do ato seguiu-se a retirada, em protesto, de dois integrantes do comitê do Ministério e a desistência de três diretores (Aly Muritiba, Anna Muylaert e Gabriel Mascaro) em inscrever seus filmes na disputa. No fim, a comissão escolheu Pequeno Segredo alegando critérios de qualidade técnica e “adequação ao pensamento da Academia”. O anúncio dos indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro acontece dia 17 de janeiro. Enquanto isso, Aquarius acumula boa recepção internacional, entrando na lista de melhores filmes do ano de veículos como IndieWire e The Verge.

Will Smith

Will Smith está longe de ser a pior coisa de Esquadrão Suicida, mas ele está lá, interpretando um importante personagem do filme. É justo dizer que nem Will Smith salva Esquadrão Suicida. Mas as coisas vão de mal a pior para ele quando seu segundo grande filme do ano é Beleza Oculta, que ainda nem estreou no Brasil, mas recebeu críticas tão pesadas da imprensa internacional que provavelmente marcarão a carreira deste bom e simpático ator. Beleza Oculta conta a história de um homem que, após perder sua filha, começa a escrever cartas para “entes”, como a morte, o tempo e o amor. Até que esses “entes” começam a respondê-lo, só que pessoalmente. Não se pode dizer mais para não atrapalhar quem quiser dar uma chance a Beleza Oculta, mas, a título de advertência, reproduzimos um trecho da crítica do Guardian: “(Beleza Oculta) é emocionalmente manipulador sem entender como as emoções humanas realmente funcionam. E ele rouba de nós o Will Smith que amamos”.

Alice Através do Espelho

Poucas vezes um clássico da literatura internacional casou tão bem com um diretor de cinema quanto o universo de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, e o cineasta americano Tim Burton (que nos deu, não nos esqueçamos, Edward Mãos de Tesoura, entre outros). Mas quando a primeira adaptação de Burton para Alice saiu, em 2010, o resultado foi misto. Muitos gostaram, muitos não gostaram e ficou no ar a sensação de que poderia ter sido melhor. Assim, a sequência, Alice Através do Espelho, seria a chance para o diretor se redimir e conjugar definitivamente seus talentos criativos com o universo fantástico de Carroll (vale dizer que muitos críticos literários importantes consideram Através do Espelho uma obra mais profunda que O País das Maravilhas). A questão, porém, é que Burton abdicou da direção do filme, indicando o nome do jovem James Bobin para a missão. O resultado: o filme descambou para uma aventura juvenil e decepcionou nas bilheterias.

Ben-Hur

O quesito “sucesso nas bilheterias” é um fator muito importante para a indústria cinematográfica porque, afinal, quem investe quer retorno. Mas nem sempre os fracassos mais retumbantes estão nos filmes que menos arrecadaram em relação ao que custaram (veja Max Steel mais adiante). Às vezes a bilheteria praticamente empata com o custo de produção ou chega até a superá-lo um pouco e, ainda assim, o fracasso é grande. É o caso do novo Ben-Hur, refilmagem do clássico de 1959 com Charlton Heston. Segundo a Forbes, o filme arrecadou US$ 94 milhões e teve um custo aproximado de US$ 100 milhões. O problema? A expectativa do estúdio em lançar um grande sucesso (e os custos das ações de marketing, que não aparecem nos gastos de produção, mas que, num caso como o de Ben-Hur, são bastante altos). Aqui o problema maior ficou com o ator Jack Huston, cuja interpretação do príncipe de Jerusalém Judah Ben-Hur ficou soterrada na sombra de Heston. Para a Variety, por exemplo, as falas de Huston como Ben-Hur soam como “uma mensagem do Unicef”: “Huston não é um ator terrível, mas ele é suave”.

Deuses do Egito

Se tudo que você sabe sobre mitologia egípcia é que ela fala de deuses do sol e da morte, e que há pirâmides, areia e obeliscos, parabéns, você pode ser considerado um especialista perto do diretor de Deuses do Egito, Alex Proyas. A grande polêmica do filme foi ter escalado somente atores brancos – o escocês Gerard Butler, o dinamarquês Nicholas Coster-Waldau e o australiano Geoffrey Rush, entre outros – para o papel de personagens egípcios. Mas, em um sentido torto, Deuses do Egito é muito mais do que isso. Os deuses se parecem com os homens, só que gigantes. E eles sangram ouro. E desprezam as pessoas comuns. E o melhor de tudo: eles se transformam em animais incríveis superpoderosos quando querem. Junte isso tudo com um abuso de computação gráfica, 3D redundante e... nem isso será suficiente para descrever a experiência sufocante de se assistir Deuses do Egito.

Max Steel

Um filme baseado em um boneco. Será que a Mattel estava precisando melhorar as vendas do seu brinquedo Max Steel? Se era essa a intenção, o tiro foi no pé. Outro filme que nem estreou no Brasil mas que já foi destruído lá fora. Arrecadou menos da metade do que custou e, como prêmio, encabeça a lista de fracassos do ano da revista Forbes. Max Steel conta a história de um adolescente que ganha poderes alienígenas e tem um ajudante robô-ET que vai ensiná-lo a usar esses poderes (e, é claro, conquistar a menina mais bonita da escola). Elenco desconhecido e zero expectativa do público fizeram desse filme o fracasso do ano nos EUA.

A Série Divergente: Convergente

Seria fácil criticar os filmes da série Divergente por sua assustadora semelhança com a série Jogos Vorazes. Mas não vamos criar caso com os fãs e sim falar apenas de seu desempenho comercial. Dividido em dois capítulos, Convergente é a primeira parte do final da saga criada por Veronica Roth que terminará com Ascendente em 2017. Enquanto os dois primeiros filmes (Divergente e Insurgente) fizeram sucesso nas bilheterias, Convergente foi ladeira abaixo, arrecadando 44% menos em sua semana de estreia do que seu antecessor. Isso obrigou o estúdio Lionsgate a cancelar a estreia de Ascendente nos cinemas e relegá-lo à condição de telefilme.

A Garota no Trem

Quando Hollywood torce até a última gota uma fórmula de sucesso e algum executivo encontra uma nova saída, é de se esperar uma enxurrada de filmes que sigam o mesmo padrão do original. O caso aqui é a semelhança entre A Garota no Trem, baseado no best-seller de Paula Hawkins, e Garota Exemplar, filme de 2014 adaptado do igualmente bem sucedido livro de Gillian Flynn. Infelizmente, e com o perdão do trocadilho, A Garota no Trem não é um filme exemplar. Primeiro porque a adaptação decepcionou muitos fãs do original e privou o expectador de uma das qualidades do livro, que é o mistério de “quem matou” a personagem-vítima. Depois porque colocou Emily Blunt num papel que, embora muitos digam se tratar de uma grande interpretação, não passa de uma atuação exagerada, especialmente porque o roteiro do filme falhou em transportar para a tela as sutilezas da personagem original.

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