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Trailer | Divulgação/RKO Radio Pictures Inc.
Trailer| Foto: Divulgação/RKO Radio Pictures Inc.

Perfil

• Louis Malle nasceu em 30 de outubro de 1930 na França e morreu em 23 de novembro de 1995 nos EUA, vítima de câncer.

• Estreou na direção de longas-metragens ao lado do explorador Jacques-Yves Cousteau (1910 – 1997), com o documentário O Mundo do Silêncio (1956), vencedor da Palma de Ouro em Cannes.

• Entre os filmes mais conhecidos de Malle, estão Perdas e Danos (1992), com Juliette Binoche e Jeremy Irons, Adeus, Meninos (1987), Pretty Baby (1978), que marcou a estréia de Brooke Shields no cinema, e a produção americana Atlantic City (1980), estrelada por Burt Lancaster e Susan Sarandon.

"Je t’aime", sussura a mulher para o amante do outro lado da linha. Ele, em um telefone público, responde que a ama também. Os dois não suportam mais viver escondidos. Planejam escapar juntos, mas, antes, precisam se livrar do marido, um homem de negócios influente. A cena inicial de Ascensor para o Cadafalso não leva um minuto para delinear a trama que deve conduzir a história pela próxima hora e meia. Uma introdução perfeita.

Ao som do trompete de Miles Davis, os dois acertam detalhes do crime que deve acontecer mais tarde. Um marco na carreira dos principais envolvidos na produção – o cineasta Louis Malle (1932 – 1995) e a atriz Jeanne Moreau –, o filme será exibido na Cinemateca de Curitiba de terça (26) até quinta-feira (28), com uma sessão diária, às 20 horas.

Baseado em um livro policial de quinta categoria, escrito pelo búlgaro Noël Calef, o longa-metragem foi a estréia de Malle na direção-solo. Antes, ele fez o documentário O Mundo do Silêncio (1956) com Jacques-Yves Cousteau. Por não existir em DVD nem em VHS no Brasil, ver Ascensor no cinema é uma chance extraordinária.

Quando o plano dos amantes Florence Carala (Moreau) e Julien Tavernier (Maurice Ronet) é colocado em prática, uma seqüência de erros e acasos culmina em uma situação insólita. Por falta de energia, Julien fica preso no elevador do prédio onde trabalha a vítima, enquanto o carro que seria usado na fuga é roubado por um casal de jovens desajustados. Como Julien não aparece no horário combinado, Florence fica vagando pela noite parisiense à procura – e à espera – do seu amado.

Ascensor não é um termo comum para elevador. Da mesma forma que cadafalso não costuma ser a primeira opção para quem quer se referir à forca. Mas é difícil pensar num título melhor para um filme policial (ou noir).

No tempo em que Julien – a essa altura, já responsável pela morte de Simon Carala, o marido – tenta escapar do elevador, os jovens que roubaram seu carro também cometem um assassinato e conseguem incriminá-lo. Esse emaranhado de problemas caminha rápido para um desfecho trágico (tão perfeito quanto a introdução).

Malle foi contemporâneo de François Truffaut e Jean-Luc Godard, fundadores da nouvelle vague – movimento revolucionário na história do cinema – cada qual com Os Incompreendidos (1959) e Acossado (1960). Diferente deles, Malle não escreveu críticas para a revista Cahiers du Cinéma, mas acabou incorporado à nova onda depois de produzir Os Amantes em 1958.

Jeanne Moreau, hoje com 79 anos, virou estrela nas mãos de Malle. Depois de emprestar seu rosto para closes de tirar o fôlego e desabafar sua angústia olhando fixamente para a câmera em Ascensor, ela se tornaria musa de meio mundo cinéfilo. Trabalhou com Michelangelo Antonioni em A Noite (1961), com Godard em Uma Mulher É uma Mulher (1961), e com Truffaut em Jules e Jim (1962).

E há a trilha sonora. Miles Davis (1926 – 1991) ainda não era um ícone do jazz quando foi chamado pelo jovem cineasta para compor a música de Ascensor. O trompetista aceitou a proposta com sua postura blasé característica. Reuniu um grupo de músicos europeus e, em duas tardes, liderou sessões de improviso em que as composições eram criadas simultaneamente ao filme, projetado diante da banda. A trilha sonora é a alma de Ascensor para o Cadafalso.

Pela terceira e última vez: perfeito. GGGGG

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